Zelenskiy mostra cautela sobre acordo sobre minerais, mas diz que ajuda dos EUA não foi empréstimo
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse que a Ucrânia não aceitaria nenhum acordo de direitos minerais que ameaçasse sua integração com a UE, mas afirmou que era muito cedo para julgar um acordo de minerais dramaticamente expandido proposto por Washington.
O líder ucraniano disse aos repórteres que advogados de Kiev precisavam revisar a minuta antes que ele pudesse dizer mais sobre a oferta dos EUA, cujo resumo sugeria que os EUA estavam exigindo toda a renda dos recursos naturais da Ucrânia por anos.
Ele também disse que Kiev não reconheceria bilhões de dólares de ajuda passada dos EUA como empréstimos, embora não tenha dito se essa exigência constava da última versão preliminar recebida por um autoridade de alto escalão do governo.
Zelenskiy disse, no entanto, que o texto era "totalmente diferente" de um acordo-quadro anterior que ele estava pronto para assinar com Donald Trump antes que sua conversa se tornasse conflituosa no mês passado.
"A estrutura foi alterada. Vamos estudar essa estrutura e então poderemos conversar", disse ele em uma coletiva de imprensa em Kiev.
A última proposta dos EUA exigiria que Kiev enviasse a Washington todo o lucro de um fundo que controla os recursos ucranianos até que a Ucrânia tivesse reembolsado toda a ajuda norte-americana durante a guerra, mais os juros, de acordo com um resumo analisado pela Reuters.
Zelenskiy, que enfatizou repetidamente a necessidade de relações sólidas com a Casa Branca, parecia estar aludindo a esse último elemento quando disse que Kiev não via a assistência passada como algo que agora precisasse ser reembolsado.
Navegar por um caminho aceitável em questões como essa é um grande desafio para Zelenskiy, cujo rompimento com Trump no mês passado fez com que Washington cortasse os fluxos de assistência militar previamente acordados e interrompesse o compartilhamento de inteligência.
Trata-se também de uma conjuntura diplomática altamente sensível, com Trump tentando acabar rapidamente com os conflitos com a Rússia e, ao mesmo tempo, reorientando a política de Washington para endossar a narrativa de Moscou sobre sua guerra de três anos na Ucrânia.
A vice-primeira-ministra ucraniana, Yulia Svyrydenko, disse aos parlamentares que Kiev emitiria sua posição sobre o novo projeto somente quando houvesse consenso. Até lá, a discussão pública seria prejudicial, disse ela.
Outra fonte ucraniana descreveu o documento completo apresentado pelos norte-americanos como "enorme".
PROJETO REVISADO
Zelenskiy tem dito repetidamente que aceita a ideia de assinar um acordo de minerais mutuamente benéfico com os Estados Unidos, embora não queira assinar um acordo que empobreceria seu país. Na quinta-feira, ele disse que Washington estava constantemente mudando os termos, mas que não queria que os EUA pensassem que ele se opunha em princípio.
Três pessoas familiarizadas com as negociações em andamento disseram que Washington havia revisado suas propostas. O último esboço não dá à Ucrânia nenhuma garantia de segurança futura e exige que ela contribua para um fundo de investimento conjunto com toda a renda proveniente do uso de recursos naturais gerenciados por empresas estatais e privadas.
De acordo com o resumo, ele estipula que Washington tem os primeiros direitos de comprar recursos extraídos e recuperar todo o dinheiro que deu à Ucrânia desde 2022, mais juros a uma taxa anual de 4%, antes que a Ucrânia comece a ter acesso aos lucros do fundo.
