Não há discussão sobre mudança em regime cambial ou aumento de imposto nessa área, diz Haddad
A moeda brasileira passou por forte depreciação no fim do ano passado, com questionamentos sobre a responsabilidade fiscal do governo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que não há discussão no governo que envolva mudanças no regime cambial ou que passe por aumento de impostos para conter a saída de dólares do país.
Ao ser perguntado sobre essa possibilidade em entrevista a jornalistas após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad disse que o câmbio tende a se acomodar, citando chance de o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, moderar propostas feitas durante a campanha eleitoral.
"Nós tivemos um estresse no final do ano passado, no mundo todo, tivemos um estresse também no Brasil. Hoje mesmo o presidente eleito dos Estados Unidos deu declarações moderando determinadas propostas feitas ao longo da campanha, é natural que as coisas se acomodem", disse.
"Mas não existe discussão de mudar regime cambial no Brasil, nem de aumentar imposto com esse objetivo".
A moeda brasileira passou por forte depreciação no fim do ano passado, com questionamentos sobre a responsabilidade fiscal do governo e a sustentabilidade da dívida pública, e em meio a uma forte saída de dólares do país que levou o Banco Central a intervir no câmbio.
O movimento no mercado doméstico também refletiu uma valorização global do dólar, diante da expectativa de que a política econômica de Trump possa ter efeito inflacionário, justificando um juro mais elevado nos EUA.
Nesta segunda-feira, o dólar recuava ante o real, em linha com as fortes perdas da moeda norte-americana em todo o mundo, com investidores reagindo a uma notícia indicando que Trump deve adotar uma abordagem mais moderada na implementação de prometidas tarifas de importação.
Perto de meio dia, o dólar à vista caía 1,2%, a 6,11 reais.
Haddad, que suspendeu período de férias para retornar a Brasília, afirmou que a conversa com Lula tratou de planejamento para o ano e questões relacionadas à pauta de votação do Congresso, especialmente o projeto do Orçamento de 2025.
O ministro ainda afirmou que deve ser informado nesta segunda pela Receita Federal sobre a solução de "inconsistências" na parte da proposta de reforma do Imposto de Renda que tratará da tributação de empresas. Ele disse que o projeto, ainda em discussão interna no governo, pode ficar pronto nesta semana, mas não especificou data para envio ao Legislativo.