'Não sou chanceler paralelo', diz Eduardo Bolsonaro
Deputado rechaçou ideia de que está querendo ganhar protagonismo internacional durante Cúpula Conservadora das Américas, evento do qual é um dos principais organizadores
O deputado reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) rechaçou neste sábado a ideia de que está querendo ganhar protagonismo internacional e que estaria atuando como um "chanceler paralelo" após as últimas agendas que cumpriu no exterior. "Não sou o chanceler. Fui convidado para ir a outros países por ter sido o deputado mais votado da história do Brasil. Mas é claro que não dá para dissociar por ser filho do próximo presidente. Mas de maneira nenhuma eu estou suprindo isso. Eu estou apenas colaborando, tanto que eu fui lá para fora para fazer palestra", disse.
Eduardo é um dos principais organizadores da Cúpula Conservadora das Américas, realizada em Foz do Iguaçu neste sábado. De acordo com ele, a cidade foi escolhida por causa do simbolismo da tríplice fronteira, com o Paraguai e a Argentina. Sobre o alinhamento do governo de Jair Bolsonaro com o presidente americano Donald Trump, Eduardo afirmou que existe uma convergência de ideias entre o futuro governo brasileiro e os republicanos dos Estados Unidos. Ele disse ainda acreditar que o Brasil estará junto de Trump em 2020, quando o americano deverá disputar a reeleição.
Ao dar início à cúpula, Eduardo afirmou que o evento tem como objetivo dar continuidade ao crescimento que movimentos de direita tem conquistado no Brasil e em outros países, principalmente na América Latina. "Nossa intenção é fazer com que esse movimento não acabe somente nessa eleição de outubro. É fazer algo permanente para que possamos ter um norte", disse. Também arrancou aplausos da plateia ao dizer que a cúpula vai dizer "não ao socialismo e não ao Foro de São Paulo", em referência a organização formada nos anos 80 por entidades e partidos de esquerda. "Não seremos a nova Venezuela", encerrou o parlamentar.
Também organizador do evento, o deputado federal Fernando Francischini defendeu a ideia de que é possível o País ser "liberal na economia, conservador nos costumes e com a família acima de tudo".
Cuba
Ao falar sobre o regime cubano, Eduardo Bolsonaro defendeu que o Brasil deveria sediar um tribunal para julgar a cúpula do regime por supostos "crimes contra a humanidade". "Seria um motivo de satisfação para o Brasil, quem sabe, receber esse tribunal para julgá-los pelos crimes contra a humanidade cometidos pelo regime cubano", afirmou. Ele defendeu a realização do julgamento após a fala de Orlando Gutierrez, representante dos exilados cubanos nos Estados Unidos. Ao encerrar seu discurso inicial, Gutierrez pediu aos presentes que, como homens e mulheres livres, que apoiem o pedido para que os líderes do regime sejam julgados por crimes contra a humanidade.
Ele afirmou ainda que o comunismo "é a morte porque ele desnaturaliza o ser humano". "Recentemente, o Eduardo Bolsonaro colocou uma foto em sua página (na internet) e provocou um grande ataque do regime porque eles sabem que a união de homens de boa vontade, homens livres, é o fim desse regime na América Latina", disse.
O filósofo e guru do presidente eleito Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho, também defendeu a criação de um tribunal neste sentido. "Esses crimes têm que ser julgados, são crimes da maior gravidade. Temos que começar a investigar e punir esses crimes rapidamente", disse.
Carvalho participou do evento por meio de uma videoconferência porque ele mora atualmente nos Estados Unidos. A falta de qualidade da transmissão gerou alguns momentos de risos da plateia. Ao iniciar a transmissão, Carvalho foi pego de surpresa tentando acender um cachimbo, que foi guardado assim que ele percebeu que estava ao vivo. A plateia riu. Durante sua fala, foi interrompido em alguns momentos para que houvesse a tentativa de melhora da transmissão. Ao voltar para o debate, Carvalho apareceu novamente fumando seu cachimbo, o que gerou novas risadas por parte da plateia.
Quórum
A Cúpula Conservadora das Américas é organizada pela Fundação Indigo, do PSL. Eduardo minimizou o número menor de participantes do evento em relação à previsão inicial. Ao longo da semana, o deputado Fernando Francichinni (PSL-PR) afirmou que mais de 2 mil pessoas haviam feito a inscrição para participar -- 600 pessoas compareceram.
Para Eduardo, a distância fez com menos interessados pudessem estar presentes. "Eu acho que a participação de mais de 500 pessoas é um sucesso", disse. Segundo o deputado, o evento, que não cobrou nada dos participantes, custou em torno de R$ 300 mil.