Israel e Hamas aprovam acordo de cessar-fogo em Gaza
Texto prevê que o Hamas liberte 33 reféns, começando com crianças e mulheres, em troca de 1.000 palestinos presos em Israel.Israel e Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo para suspender o conflito na Faixa de Gaza após 15 meses de combates no enclave palestino, segundo anunciaram mediadores nesta quarta-feira (15/01).
O Hamas, grupo militante palestino dominante em Gaza, disse à agência de notícias Reuters que sua delegação havia dado aos mediadores sua aprovação final para o acordo de cessar-fogo e retorno dos reféns. Oficiais americanos também confirmaram que as negociações foram concluídas.
O acordo descreve uma fase inicial de cessar-fogo de seis semanas e inclui a retirada gradual das forças israelenses de Gaza, a liberação de reféns mantidos pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel e a entrada de ajuda humanitária no enclave.
Noventa e oito reféns permanecem em Gaza, de acordo com as autoridades israelenses. Eles incluem israelenses e estrangeiros, civis e soldados, homens, mulheres, duas crianças e idosos. Acredita-se que cerca de metade deles esteja viva. Quatro, incluindo dois soldados falecidos, estão lá desde 2014.
O acordo também deve permitir que milhares de pessoas deslocadas em Gaza retornem às suas cidades de origem.
Conflito deixou milhares de mortos
As tropas israelenses invadiram Gaza após o Hamas atacar comunidades em Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 soldados e civis e sequestrando mais de 250 reféns israelenses e estrangeiros. O grupo palestino é tomado como uma organização terrorista por países como os Estados Unidos.
Já a campanha de Israel em Gaza matou mais de 46.000 pessoas, segundo dados do ministério da saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, deixando a região costeira em destroços.
O conflito se espalhou pelo Oriente Médio, com grupos apoiados pelo Irã no Líbano, Iraque e Iêmen atacando Israel em solidariedade com os palestinos. O acordo ocorre após Israel matar os principais líderes do Hamas e do Hezbollah, do Líbano, em assassinatos que lhe deram vantagem estratégica.
Negociações
O cessar-fogo foi concluído após meses de negociações mediadas por Egito e Catar, com o apoio dos Estados Unidos, e ocorre pouco antes da posse de Donald Trump, presidente eleito dos EUA, em 20 de janeiro.
À medida que sua posse se aproximava, Trump repetiu exigências para que um acordo fosse feito rapidamente, alertando que haveria "consequências terríveis" se os reféns não fossem libertados. Seu enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff, trabalhou com a equipe do presidente Joe Biden para concretizar o acordo.
"Temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Eles serão libertados em breve. Obrigado!", escreveu Trump nas redes sociais nesta quarta-feira. O texto ainda precisa ser aprovado pelo gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, mas espera-se que entre em vigor nos próximos dias.
as/bl/gq (AFP, Lusa, Efe, Reuters, AP)