No 4 de julho, Trump exalta patriotismo e poderio militar dos EUA
Presidente americano é o primeiro a discursar em feriado do Dia da Independência desde 1951. Atuação foi marcada por louvor à história do país, mas criticada por apropriação política de data de unidade nacional.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, protagonizou as comemorações do feriado nacional de 4 de julho nesta quinta-feira (04/07) em Washington, em uma comemoração marcada por tributos patrióticos e acusações de que o chefe da Casa Branca estaria tentado "sequestrar" a data e promover um evento de campanha na data comemorativa dedicada à união da população americana.
Em discurso em frente Lincoln Memorial, Trump evitou temas políticos, optando por fazer uma descrição de vários eventos marcantes da história dos EUA, de invenções tecnológicas a vitórias no campo de batalha e conquistas espaciais, naquilo que chamou de "a maior jornada política da história da humanidade".
Acrescentando sua própria versão, de uma hora de duração, à "Saudação à América" a festividades na capital que costumam atrair centenas de milhares de pessoas todos os anos, Trump se tornou o primeiro presidente em sete décadas a discursar no 4 de julho.
"Mantenham-se fiéis à nossa causa", pediu Trump aos americanos. O presidente seguiu um roteiro próprio na maior parte do tempo, evitando digressões sobre temas de sua agenda política ou da campanha à reeleição em 2022. Mas, em um dado momento, ele improvisou ao dizer que em breve o país enviará astronautas à lua e fincará uma bandeira americana em Marte, algo que especialistas não acreditam que vá acontecer num futuro próximo.
Trump discursou em frente à gigantesca estátua de Abraham Lincoln, que foi presidente dos EUA no século 19, e no mesmo lugar onde o líder dos direitos civis Martin Luther King fez seu discurso histórico em 1963. O presidente exaltou as Forças Armadas, além de tecer elogios à Patrulha de Fronteiras e às agências de imigração, que vêm sendo amplamente criticadas em razão de denúncias de maus tratos a migrantes em centros de detenção.
Ele, porém, evitou elogios ao seu próprio governo, assim como críticas à oposição democrata. Para a surpresa de muitos, evitou falar de si mesmo, preferindo tecer elogios à grandeza dos EUA, que disse ser "a nação mais excepcional na história do mundo".
Apesar da chuva, centenas de milhares de pessoas compareceram ao National Mall, no centro político de Washington, para as comemorações do Dia da Independência americana, feriado nacional.
Nos dias que antecederam o evento, a Casa Branca distribuiu ingressos e mobilizou as mídias sociais de Trump e do Partido Republicano para motivar as pessoas a comparecerem a um evento planejado às pressas e cercado de confusões. Muitos dos que preencheram a sessão VIP disseram que conseguiram os ingressos gratuitamente através de amigos ou colegas que não puderam comparecer.
Do lado de fora, a multidão era composta por uma mistura de turistas, moradores da capital, famílias de imigrantes, apoiadores de Trump, curiosos e veteranos das Forças Armadas. Alguns compareceram em razão das tradicionais comemoração do 4 de julho no National Mall, que ocorrem ali todos os anos.
Grupos de manifestantes marcaram presença próximo ao monumento de Washington, isolados do palco central dos eventos por um espelho d'água e pela sessão VIP. Os ativistas trouxeram um boneco inflável do bebê Trump, o que foi permitido pelas autoridades, contanto que ficasse preso ao chão, e não flutuando no ar como em protestos anteriores.
Os manifestantes protestaram contra o que consideram uma intrusão do presidente nas comemorações do Dia da Independência, além de associarem a demonstração de poderio militar a regimes autoritários.
Trump, inicialmente, queria uma grandiosa parada militar, inspirado pela comemoração da Queda da Bastilha na França (celebrado a 14 de julho), mas teve de se contentar com uma versão reduzida, com alguns veículos armados sendo exibidos ao público e o sobrevoo de aviões militares e da aeronave presidencial, o Air Force 1. Mesmo assim, a demonstração de força militar foi amplamente criticada como um desnecessário espetáculo militarista.
O último presidente a discursar no feriado de 4 de julho foi Harry Truman, em 1951, que reuniu uma multidão em frente ao monumento de Washington na ocasião do 175º aniversário da assinatura da Declaração de Independência.
RC/ap/afp
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