Nota das Forças Armadas 'não contribui em nada', diz general Santos Cruz
Militar da reserva, ex-ministro da Secretaria de Governo disse ainda que fala sobre não haver eleição sem voto impresso é 'ameaça absurda'
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, disse que manifestações como a nota feita pelos comandantes das Forças Armadas "não contribuem em nada" para o ambiente institucional do País e que as afirmações do presidente Jair Bolsonaro sobre a chance de não haver eleições no ano que vem sem voto impresso são uma "ameaça absurda". Ao participar de uma live organizada pelo grupo Parlatório S/A na noite deste domingo, 11, ele defendeu ainda uma "reação forte" da sociedade e das instituições contra a ameaça feita pelo chefe do Executivo.
"Não pode haver essa manifestação institucional. Quando ela acontece, acarreta mais desgaste ainda. O que estamos vivendo é um contexto, manifestações, que não contribuem em nada. Trazem só instabilidade, trazem só alarmismo", disse Santos Cruz, ao ser questionado sobre o papel dos militares para garantir a democracia. Ele se referia à carta dos chefes militares e do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, divulgada após o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), citar o termo "banda podre" de militares no Ministério da Saúde. A nota tinha expressões como "vil e leviana" para descrever a fala do senador.
O general considerou que o número de militares no governo está desequilibrado e que o governo estimulou a nomeação de integrantes das Forças Armadas no governo para tentar captar o prestígio das instituições. "Mas isso não é bom porque começou um desgaste político".
Santos Cruz afirmou que as eleições são fundamentos básicos. "Algumas ameaças são absurdas, como de o presidente da República dizer que talvez não tenha eleição. Eleição é fundamento básico da democracia", disse. "Esses pontos sofrem algum desgaste, mas tem de haver reação forte das pessoas e das instituições. Temos algumas instituições muito fracas, seja no Judiciário, seja no Congresso Nacional, que, na minha opinião, tem de ser mais forte", acrescentou.