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Nova espécie rara de cinodonte é descoberta em Dona Francisca

Paleontólogos revelam fóssil de animal pré-histórico com 236 milhões de anos

30 jan 2024 - 13h07
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O Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) anunciou recentemente a descoberta de uma espécie até então desconhecida que habitou a Região Central do que hoje é o Rio Grande do Sul há mais de 236 milhões de anos. O processo de identificação do novo animal levou 15 anos desde a descoberta do fóssil em 2009, no município de Dona Francisca.

Foto: Divulgação / Porto Alegre 24 horas

O local da descoberta, situado em camadas de rocha sedimentar formadas durante o Período Triássico, entre 241 e 236 milhões de anos atrás, revelou um tesouro paleontológico extraordinário: um crânio completo acompanhado de mandíbula. Este crânio pertencia a um cinodonte, uma espécie que representa uma conexão evolutiva entre "répteis" e mamíferos, e que habitou a região antes mesmo do surgimento dos dinossauros. Fósseis tão bem preservados desse período são raros e, portanto, o achado tornou-se especialmente valioso para os paleontólogos.

No entanto, durante mais de uma década, a identificação precisa da espécie permaneceu desafiadora, exigindo uma meticulosa comparação com dezenas de fósseis de coleções científicas no Brasil, Alemanha e Inglaterra. O processo incluiu até mesmo a tomografia do espécime através de um microtomógrafo de alta resolução, permitindo uma visão detalhada de estruturas anatômicas que não eram visíveis externamente.

Surpreendentemente, as características únicas do espécime não correspondiam a nenhuma espécie conhecida de cinodonte. Os pesquisadores, em reconhecimento ao local onde foi encontrado, nomearam a nova espécie de Paratraversodon franciscaensis. Esta designação não apenas homenageia a importância do local, mas também destaca a singularidade da descoberta.

Paratraversodon franciscaensis era um animal herbívoro do grupo Traversodontidae. O estudo revelou que, ao contrário dos mamíferos modernos, é provável que fosse um animal ectotérmico, ou seja, de "sangue frio", com comportamento térmico semelhante ao observado em lagartos e crocodilos. Naquele período, a maioria dos animais tinha esse tipo de metabolismo devido às altas temperaturas, que eram muito mais elevadas do que as atuais. Além disso, as evidências sugerem que esses animais não tinham corpos cobertos por pelos, diferindo das características típicas dos mamíferos modernos.

A descoberta não apenas destaca a singularidade do Paratraversodon franciscaensis, mas também fornece informações valiosas sobre a fisiologia e a evolução desses seres pré-históricos. Aprofundar o estudo desse fóssil lança luz sobre uma fase crucial da história biológica da Terra, contribuindo significativamente para o entendimento da evolução e do papel desses seres na formação do mundo em que vivemos hoje. É importante ressaltar que o cinodonte não é um dinossauro, mas sim uma espécie que viveu antes deles e pode ser considerada um ancestral dos mamíferos.

Porto Alegre 24 horas
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