O hotel de luxo que serve de prisão para príncipes sauditas acusados de corrupção
O hotel Ritz-Carlton em Riad (capital saudita) continua fechado ao público e sem internet nem linhas telefônicas. Segundo vários jornais, o governo mantém sob custódia no local príncipes, ministros e ex-ministros sauditas acusados de corrupção.
É uma marca que se vangloria de ter "hotéis e resorts de luxo que criam experiências inesquecíveis de viagem nos principais destinos do mundo".
Presidentes, primeiros-ministros e membros da realeza se hospedam na cadeia exclusiva de hotéis Ritz-Carlton, considerado um lar para os endinheirados que estão longe de casa.
Mas em Riad, a capital da Arábia Saudita, o hotel se converteu em uma "gaiola de ouro", de acordo com jornais locais.
Menos de seis meses após a visita do presidente dos Estados Unidos Donald Trump ao Ritz-Carlton em sua primeira viagem oficial à Arábia Saudita, quem está em suas instalações de luxo agora são proeminentes figuras sauditas em regime penitenciário.
É por isso que o hotel está sendo chamado de "prisão mais luxuosa do mundo".
O apelido surgiu após a prisão de 11 príncipes, quatro ministros e dezenas de ex-ministros, descrita como uma limpeza anticorrupção no reino conservador.
Entre os detidos está o príncipe Alwaleed bin Talal, um multimilionário com investimentos em empresas como Apple e Twitter.
As autoridades sauditas não confirmaram a informação de que eles vivem no hotel, mas uma fonte oficial ouvida pelo jornal britânico The Guardian disse que o príncipe Mohammed bin Salman "não poderia colocá-los na prisão".
"Então essa foi a solução mais digna que ele pôde encontrar", disse. O complexo hoteleiro, com seis anos de existência, tem 492 quartos e ocupa um terreno com mais de 200 mil metros quadrados.
Colchonetes em um salão de pompa
Um vídeo publicado na terça-feira pelo jornal americano The New York Times mostrou uma ampla sala, descrita como um dos salões de pompa do Ritz-Carlton, cheia de colchonetes estendidos no chão.
A gravação também mostra homens uniformizados, cobertores de diferentes cores e estampas e um rifle encostado em uma parede.
O salão B do hotel, que vários jornais afirmam ser o mesmo que aparece no vídeo, parece ser um salão de jantar com capacidade para receber cerca de 2 mil pessoas.
Khadija Benguenna, apresentadora do canal de televisão Al Jazeera no Catar, compartilhou em sua conta no Twitter uma foto que parece mostrar o mesmo espaço do hotel repleto de colchões no chão.
Desde domingo, carros da polícia cercam o complexo hoteleiro e os portões de entrada continuam fechados desde então, segundo a descrição do correspondente da agência France-Presse em Riad Anuj Chopra.
Já a página do The Ritz-Carlton, de Riad na internet tem um aviso desde segunda-feira dizendo que "devido a circunstâncias imprevistas, a internet e as linhas telefônicas do hotel estão desconectadas até segunda ordem".
Os hóspedes que estavam ali no sábado receberam a ordem de arrumar suas malas e ir até o átrio do hotel de onde foram levados a outros hotéis da capital saudita, segundo o The Guardian.
É possível fazer uma reserva?
A BBC tentou reservar um quarto no hotel na terça-feira, mas não possível finalizar o experimento.
O site do Ritz-Carlton afirmou que não há quartos disponíveis em novembro, ainda que tenha sugerido que era possível reservar um quarto duplo por alguns dias em meados de dezembro por US$ 350 (R$ 1.145) por noite.
Porém, logo em seguida essa possibilidade desapareceu, dando a impressão de que esse estabelecimento do luxuoso império de hotéis estará fechado a novos negócios no futuro próximo.
O Ritz-Carlton em Riad e um prédio adjacente foram a sede de uma conferência internacional que promoveu o reino como um destino de investimentos há apenas 10 dias.
Ao menos um dos homens poderosos que hoje estão presos no hotel participaram desse evento internacional.
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