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O impacto desproporcional do aumento do IPI sobre os cigarros

Diretor-executivo da Fhoresp comenta os possíveis efeitos da nova medida governamental sobre o mercado ilegal, segurança pública e economia do varejo

8 out 2024 - 19h54
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A recente decisão do governo federal de aumentar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os cigarros tem gerado um debate acalorado entre especialistas, legisladores e a população em geral. Embora a medida pareça, num primeiro momento, amplamente apoiada, como uma espécie de estratégia para se reduzir o consumo de tabaco e aumentar a arrecadação, é crucial analisar os impactos desproporcionais que a mesma poderá ter sobre a saúde dos brasileiros, a Segurança Pública, o varejo, a Economia e a sociedade como um todo.

Estudos indicam que aumentos substanciais nos impostos sobre cigarros, frequentemente, resultam em incremento no contrabando
Estudos indicam que aumentos substanciais nos impostos sobre cigarros, frequentemente, resultam em incremento no contrabando
Foto: Canva Fotos / Perfil Brasil

Para início de conversa, o aumento do imposto elevará, significativamente, o preço dos cigarros legais, tornando-os menos acessíveis. Essa situação cria, por consequência, um ambiente propício para a expansão do mercado ilegal.

Estudos indicam que aumentos substanciais nos impostos sobre cigarros, frequentemente, resultam em incremento no contrabando. O mercado ilegal não apenas drena recursos do governo, mas, também, financia atividades criminosas - o que aumenta a insegurança pública, preocupação número um dos brasileiros, não de hoje.

Outro efeito negativo da medida é o de afetar, diretamente, o varejo legalizado, que já enfrenta desafios significativos num cenário econômico instável, impactando, negativamente, as receitas dos varejistas. Em última análise, isso pode levar a demissões, passando pelo fechamento de pequenos negócios.

E, ainda mais grave: nas periferias, empresários já relatam sofrer ameaças de criminosos para comercializar seus produtos contrabandeados. Afinal, a margem de lucro é enorme.

Outro ponto a ser observado é o efeito psicológico e social adverso nos consumidores, que poderão migrar para uma alternativa mais barata e, potencialmente, ainda mais prejudicial à saúde, como os cigarros eletrônicos contrabandeados. Muitas vezes, vistos como uma opção "menos nociva" em comparação com o tabaco tradicional, embora proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estes produtos ilegais são comercializados livremente e têm ganhado popularidade - especialmente entre os jovens.

No entanto, a falta de regulamentação e de controle sobre esses produtos representa um risco significativo à saúde pública, já que não passam por controles de qualidade e podem conter substâncias tóxicas em níveis perigosos.

Os argumentos aqui elencados obrigariam qualquer legislador sensato a considerar alternativas menos gravosas e que poderiam ser implementadas para alcançar os mesmos objetivos no que tange à saúde pública e à arrecadação.

Medidas como campanhas de conscientização sobre os riscos do ato de fumar, programas de cessação do tabagismo e o fortalecimento da fiscalização contra o contrabando de cigarros tradicionais e eletrônicos, com o consequente aumento na arrecadação de impostos, podem ser igualmente eficazes. Contudo, sem os efeitos colaterais negativos destacados.

Como representante da maior entidade patronal regional do varejo de bares e restaurantes no País, acredito que, com uma abordagem mais equilibrada e bem planejada, é possível alcançar bom senso, sem criar um ambiente favorável à criminalidade associada e a um risco social agregado.

*Dr. Edson Pinto é diretor-executivo da Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (Fhoresp); presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes de Osasco, Alphaville e Região (SinHoRes); mestre em Direito, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo; e autor do livro "Lavagem de Capitais e Paraísos Fiscais" (Editora Atlas).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Perfil Brasil

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