O que diz a última mensagem enviada ao espaço em busca de vida extraterrestre
Astrônomos enviaram uma mensagem por rádio em direção a uma estrela que fica a pouco mais de 12 anos-luz do nosso planeta; se houver resposta, ela chegará em 25 anos-luz.
Somos os únicos habitantes do universo? Ou em algum canto do espaço infinito existem outras civilizações, inclusive mais avançadas que a nossa?
Essa é uma das perguntas feitas pelo Meti (sigla em inglês para Mensagens a Extraterrestres Inteligentes, organização com sede nos Estados Unidos), que busca respostas enviando mensagens a outros planetas localizados nas chamadas "zonas habitáveis" do espaço - regiões onde a temperatura é adequada para a existência de água e de outros elementos necessários à manutenção da vida, fatores em geral possibilitados por uma distância específica da estrela mais próxima.
A organização enviou sua primeira mensagem em outubro em direção à estrela GJ 273, também conhecida como Estrela de Luyten, que fica a 12 anos-luz do nosso planeta.
Em março, astrônomos descobriram dois planetas orbitando ao redor dessa anã vermelha - como são chamadas estrelas com luz mais fraca, portanto mais frias que o Sol - localizada na constelação Canis Minor. A Estrela de Luyten tem temperaturas em torno de 3.000ºC e um terço do tamanho do Sol.
Um dos dois planetas descobertos, o GJ 273b, é um pouco maior que a Terra e está a uma distância ideal da estrela. Poderia ter água em estado líquido, um fator crucial para a existência de vida.
Segundo estimam os pesquisadores, se houver vida lá e os "extraterrestres" responderem às nossas mensagens, essas respostas chegariam - por causa da distância até o nosso planeta - em 25 anos-luz.
A mensagem
A mensagem de rádio foi enviada durante três dias consecutivos por meio de uma antena em Tromso, uma cidade norueguesa que fica no círculo polar ártico, construída em conjunto pelos organizadores do festival de música espanhol Sónar e o Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha.
Ela consiste, basicamente, em informações sobre matemática, aritmética, geometria, trigonometria e uma descrição das ondas de rádio que carregam a comunicação. Também há um tutorial sobre relógios e precisão do tempo - o objetivo é compreender se os eventuais alienígenas têm um conceito de tempo similar ao nosso.
Há ainda 33 peças musicais de dez segundos cada uma, de autoria de artistas de diversas origens e trajetórias que traduzem o universo sonoro do festival Sónar.
"Não podemos assumir que os alienígenas vão entender inglês, espanhol ou suaíli. Precisamos começar com algo que tenhamos em comum", destacou Douglas Vakoch, presidente do Meti, em referência à chamada linguagem universal da música.
Controvérsia
A ideia de enviar mensagens é controversa. Por um lado, pesa a dificuldade de escolher quem deve ser o encarregado de representar a humanidade e o teor da informação que será enviada. Por outro, há quem creia que, se não sabemos quem está por aí - se é amigável ou perigoso, por exemplo -, é melhor deixar as coisas como estão.
Faz mais de quatro décadas que empresas e pesquisadores enviam mensagens de rádio ao espaço em busca de respostas sobre a existência de vida extraterrestre, mas até hoje, pelo que se sabe, não houve retorno.
"É como começar a gritar em um bosque sem saber de antemão se ali há tigres, leões, ursos ou outros animais perigosos", disse à revista New Scientist o pesquisador Dan Werthimer, do instituto americano Busca por Inteligência Extraterrestre (Seti, na sigla em inglês) e da Universidade da Califórnia.
Mas Douglas Vakoch, o presidente do instituto que enviou a mais recente mensagem ao espaço, acha que o risco de uma invasão à Terra é inverossímil.
A próxima mensagem em busca de extraterrestres será enviada em abril de 2018.
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