O que está por trás das ondas de calor na Europa?
Autoridades emitiram alertas à medida que calor extremo atinge sul e centro da região.
Alertas vermelhos foram emitidos para 16 cidades em toda a Itália, à medida que o calor extremo continua afetando o sul da Europa.
Os alertas, que indicam riscos até mesmo para pessoas saudáveis, se aplicam a pontos turísticos como Roma, Florença e Bolonha nos próximos dias.
A onda de calor já durou mais do que o normal, e as temperaturas noturnas permanecem altas.
Os termômetros também devem marcar altas temperaturas na Europa na próxima semana, com a aproximação de outra onda de calor.
Períodos de calor intenso ocorrem dentro dos padrões climáticos naturais, mas globalmente eles estão se tornando mais frequentes, mais intensos e duradouros devido ao aquecimento global.
O governo italiano aconselhou qualquer pessoa nas áreas cobertas pelos alertas vermelhos de sábado a evitar a luz solar direta entre 11h e 18h e a ter cuidado especial com os idosos ou vulneráveis.
Em Roma, a guia turística Felicity Hinton, de 59 anos, disse à BBC que as altas temperaturas combinadas com a superlotação tornaram "pesadelo" andar pela cidade.
"Está sempre quente em Roma, mas tem estado consistentemente quente por muito mais tempo do que o normal", disse ela.
Um gondoleiro em Veneza disse à BBC que estava tão quente que as icônicas gôndolas da cidade se tornaram insuportáveis.
"O calor... sobe pelas pernas, sobe pelos pés, queima mesmo... às vezes os turistas dão pulos de dor quando encostam nela".
Enquanto isso, a Grécia atingiu temperaturas de 40°C ou mais nos últimos dias. A Acrópole de Atenas — a atração turística mais popular do país — foi fechada durante as horas mais quentes de sexta e sábado para proteger os visitantes.
Matt Finden, de 51 anos, natural de Vancouver, no Canadá, e sua família estavam entre os últimos turistas a visitar a Acrópole antes de o local fechar.
"Foi incrível lá em cima. Mas ao longo do caminho vimos pessoas desmaiadas recebendo atendimento médico, sentadas nas costas de ambulâncias e até vomitando de insolação", disse ele à BBC.
A Cruz Vermelha oferece água e primeiros socorros no local, que fica no topo de uma colina rochosa e oferece pouca sombra aos visitantes.
Também há temores de um maior risco de incêndios florestais, especialmente em áreas com ventos fortes. A Grécia sofreu grandes incêndios florestais em 2021 em outra onda de calor excepcional.
Já um incêndio florestal na ilha espanhola de La Palma forçou a evacuação de pelo menos 500 pessoas, informou a agência de notícias Reuters.
O incêndio começou na madrugada de sábado em El Pinar de Puntagorda, destruindo pelo menos 11 casas, disse Fernando Clavijo, presidente das Ilhas Canárias.
As altas temperaturas também atingiram as partes centrais da Europa, com a Alemanha e a Polônia entre os países afetados.
O departamento meteorológico da República Tcheca emitiu um alerta de que as temperaturas no fim de semana podem ultrapassar 38°C, o que é excepcionalmente alto para o país.
Altas de até 47°C são esperadas em algumas partes do sul da Espanha, sudeste da Itália e possivelmente na Grécia no final da semana. É provável que alguns recordes da cidade sejam quebrados.
No Reino Unido, no entanto, chuvas fortes e rajadas de vento são esperadas em partes da Inglaterra no sábado.
Os meteorologistas disseram que isso ocorreu porque o deslocamento para o sul da corrente de jato, que estava alimentando o clima quente na Europa, também estava atraindo sistemas de baixa pressão para o Reino Unido — trazendo um clima instável e mais frio.
A atual onda de calor na Europa foi batizada de Cérbero pela Sociedade Meteorológica Italiana, em homenagem ao monstro de três cabeças que aparece no Inferno, primeira parte da "Divina Comédia" de Dante Alighieri.
Os meteorologistas italianos estão alertando que a próxima onda de calor — apelidada de Caronte em homenagem ao barqueiro que entregava almas ao submundo na mitologia grega — pode elevar as temperaturas acima de 40°C na próxima semana.
Ondas de calor também estão sendo vistas em partes dos Estados Unidos, China, norte da África e Japão.
O mês passado foi o junho mais quente já registrado, conforme o serviço de monitoramento climático da União Europeia, Copernicus.
A temperatura mais quente já registrada na Europa foi de 48,8°C na Sicília em agosto de 2021.
O clima extremo resultante do aquecimento climático está "infelizmente se tornando o novo normal", alertou a Organização Meteorológica Mundial (OMM).