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ONU: Bolsonaro nega corrupção, crise econômica e sanitária

Presidente criticou isolamento social, a obrigatoriedade da vacina e defendeu o chamado 'tratamento precoce' na abertura da Assembleia-Geral

21 set 2021 - 11h11
(atualizado às 13h05)
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Presidente Jair Bolsonaro recoloca a máscara depois de falar na abertura da Assembleia-Geral da ONU
21/09/2021. 
 REUTERS/Eduardo Munoz/Pool
Presidente Jair Bolsonaro recoloca a máscara depois de falar na abertura da Assembleia-Geral da ONU 21/09/2021. REUTERS/Eduardo Munoz/Pool
Foto: Reuters

Jair Bolsonaro fez o tradicional discurso de abertura na 76ª Assembleia-Geral da Organização da Nações Unidas (ONU) na manhã desta terça-feira, 21. Falando mais para o seu eleitorado fiel, o presidente afirmou que o Brasil é diferente do que é publicado em jornais e televisão, com uma sólida base "se levarmos em conta de que o País estava à beira do socialismo", acrescentou.

Bolsonaro aproveitou a ocasião para negar muitas das crises que o Brasil vive atualmente. "Estamos há dois anos e 8 meses sem qualquer caso concreto de corrupção", disse, ignorando as apurações da CPI da Covid, no Senado, que atingem o governo e aliados.

O presidente comentou ainda o cenário da economia brasileira, sem mencionar a pressão inflacionária. "O Brasil vive novos tempos. Na economia, temos um dos melhores desempenhos entre os emergentes. Meu governo recuperou a credibilidade externa e, hoje, se apresenta como um dos melhores destinos para investimentos".

Bolsonaro também citou a crise sanitária da covid-19, criticando o isolamento social, governadores e prefeitos do País, a obrigatoriedade da vacina e defendendo o chamado 'tratamento precoce', com medicamentos sem eficácia científica comprovada contra a doença.

"Lamentamos todas as mortes ocorridas no Brasil e no mundo. Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo. No Brasil, para atender aqueles mais humildes, obrigados a ficar em casa por decisão de governadores e prefeitos e que perderam sua renda, concedemos um auxílio emergencial".

"Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina. Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label. Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos", completou.

Meio ambiente e Amazônia

Tocando em um dos assuntos no qual é mais criticado globalmente - a política de meio ambiente - Bolsonaro disse que o bioma amazônico está 84% intacto e que os recursos para órgãos ambientais foram dobrados para combater o desmatamento. "Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior", afirmou.

Segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônica (Imazon), porém, o desmatamento na região é o maior para o mês em dez anos; 1.606 km² de floresta foram desmatados em agosto - 7% de aumento com relação ao ano passado.

O chefe do Executivo também falou da questão indígena. Segundo ele, em seu discurso na ONU, 600.000 índios "vivem em liberdade" no País e "cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades".

O presidente citou ainda que o Brasil irá conceder visto humanitário para "cristãos, mulheres, crianças e juízes afegãos" atingidos pela crise no Oriente Médio.

Assista aos pontos polêmicos do discurso de Bolsonaro na ONU:

Presidente brasileiro pressionado

Acompanhado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e do seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Jair Bolsonaro chegou nesta manhã à sede da entidade. Antes do discurso, Bolsonaro se reuniu com o presidente da Polônia, Andrzej Duda, e com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres - como é de praxe.

O chefe do Planalto enfrenta um cenário de pressão por pares internacionais por ser o único entre os chefes dos países do grupo das 20 maiores economias do mundo (G-20) a recusar publicamente a imunização, um dos principais tópicos do encontro. A posição do presidente vai na direção oposta à estratégia do Itamaraty de vender uma agenda positiva no evento e melhorar a imagem do País no exterior. Por não estar vacinado, Bolsonaro ficou com circulação restrita em Nova York, já que a cidade exige imunização para uma série de atividades - a própria ONU orientou que as delegações estivessem imunizadas ao desembarcar nos EUA.

Bolsonaro está acompanhado pelos ministros Carlos Alberto França (Relações Exteriores), Marcelo Queiroga (Saúde), Joaquim Leite (Meio Ambiente), Augusto Heleno (GSI), Luiz Eduardo Ramos (Segov), Anderson Torres (Justiça) e Gilson Machado (Turismo). A comitiva é composta ainda pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e pelo secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, Flávio Rocha.

O voo de volta para Brasília está marcado para as 21 horas (EUA), 22 horas de Brasília.

* Com informações do Estadão Conteúdo

Fonte: Redação Terra
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