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Os chimpanzés (também) urinam juntos para fazer amigos

Aparentemente, os humanos não são os únicos que fazem xixi juntos, especialmente em mictórios públicos masculinos. Em um estudo publicado hoje, cientistas japoneses analisam a função social das latrinas em primatas.

20 jan 2025 - 17h01
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Um estudo da Universidade de Kyoto confirma pela primeira vez o comportamento "contagioso" de urinar em chimpanzés, assim como o bocejar. Shutterstock/KaWe-pictures
Um estudo da Universidade de Kyoto confirma pela primeira vez o comportamento "contagioso" de urinar em chimpanzés, assim como o bocejar. Shutterstock/KaWe-pictures
Foto: The Conversation

Os animais não humanos também têm mictórios públicos, onde se reúnem não apenas para se aliviar, mas também para se comunicar e fazer amigos. De fato, os locais onde a maioria dos mamíferos defeca e urina repetidamente - e são compartilhados com outros indivíduos do grupo - são conhecidos como "latrinas".

Sua função social foi destacada em um estudo publicado hoje na Current Biology, em que uma equipe da Universidade de Kyoto (Japão) confirma pela primeira vez o comportamento "contagioso" de urinar em chimpanzés, assim como o bocejar.

Anteriormente, algumas espécies de primatas, como os macacos bugios (Alouatta), haviam sido estudadas por seu uso de latrinas e pelo comportamento "contagioso" de defecação, que parece estar relacionado à distribuição de nutrientes e pequenas sementes na floresta tropical.

Outras espécies, como os macacos-aranha (Ateles), apresentam comportamentos semelhantes. O "contágio" foi registrado na defecação, especialmente em poleiros, o que tem uma relevância especial na distribuição de sementes e se torna um papel fundamental dessas espécies para a manutenção da floresta tropical.

Mas as funções dessas latrinas são muitas e variadas. Entre elas estão a defesa do território, com um aumento das visitas nas noites em que aparecem intrusos, ou uma importante função social, para facilitar a comunicação, já que são usadas nas áreas centrais dos territórios pelos membros do grupo, mesmo no caso de primatas solitários.

Ir ao banheiro para socializar

A função social das latrinas tem sido estudada a partir de diferentes abordagens e, embora muitos se concentrem no papel das fezes como um elemento potencial de dispersão de sementes, outros enfatizam que a verdadeira relevância desses espaços é a urina.

Uma descoberta importante dos autores do artigo de hoje, que não foi descrita antes, é que esse comportamento também parece estar ligado ao status social. Embora os chimpanzés não sejam animais solitários e vivam em grupos, eles têm um sistema social de fusão-fissão, como foi descrito em humanos, no qual os indivíduos se separam temporariamente em subgrupos menores e voltam a se reunir. Isso ocorre principalmente em relação à distribuição de recursos (variáveis ecológicas) e aos custos da organização social(vida em grupo).

Assim, o comportamento síncrono de urinar poderia facilitar a comunicação nesse sistema social, e foi relatado em outras espécies mais solitárias. Nesse caso, os indivíduos subordinados eram mais propensos a urinar quando outros indivíduos realizavam esse comportamento, apontando para uma possível forma de comunicação relacionada à sua hierarquia social, observam os autores.

Xixi, um mar de informações

Sabemos que a urina contém muitas informações que são usadas por indivíduos em grupos para diferentes funções, como status reprodutivo ou níveis de testosterona. Podemos até medir como o comportamento social é influenciado pela oxitocina encontrada na urina.

Agora, graças a estudos como o da universidade japonesa, também sabemos que o comportamento de urinar juntos, em sincronia, tem um significado social importante para nossos parentes próximos, cuja repercussão na estrutura do grupo pode ser uma estratégia social para os diferentes indivíduos do grupo.

Você já percebeu que o comportamento de urinar também pode ser contagioso em humanos? Como os autores destacam, ainda temos muito a estudar a esse respeito, mas parece que também devemos observar os pequenos detalhes para aprender mais sobre nossa própria evolução.

Acredite ou não, muitos estudos neurobiológicos analisam os mecanismos subjacentes à micção humana voluntária e alguns até exploram o papel dos banheiros públicos masculinos como locais culturais, onde, além disso, essa prática pode estar ligada à expressão da masculinidade.

The Conversation
The Conversation
Foto: The Conversation

Sara Alvarez Solas não presta consultoria, trabalha, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa ou organização que poderia se beneficiar com a publicação deste artigo e não revelou nenhum vínculo relevante além de seu cargo acadêmico.

The Conversation Este artigo foi publicado no The Conversation Brasil e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons
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