Pagamento mobile pode ajudar a aumentar a transparência e reduzir a corrupção em países menos desenvolvidos?
QR code e NFC devem ajudar a governos combaterem a evasão fiscal, corrupção e as transações do mercado negro
Os pagamentos sem dinheiro, ou "cashless" como são conhecidos no exterior, foram originalmente vinculados à confiança pública, pelo fato de usuários estarem abrindo informações e dados pessoais a plataformas, empresas ou pessoas desconhecidas na web. Quanto mais o público confia em fazer transações sem dinheiro, mais rápido o mercado de "shopping digital" se desenvolve. Ao mesmo tempo, essas compras online aumentam em forma orgânica a popularidade dos pagamentos por celular. Por enquanto o que a história nos mostra, é que resulta no desenvolvimento econômico do país. De acordo com uma pesquisa da Allied Market Research, o mercado global de pagamentos por celular atingirá US$ 3,388 bilhões até 2022.
Porém, como é que os pagamentos 'sem dinheiro' ganham popularidade entre o público? De início um responderia que é a conveniência, mas também tem muito a ver com confiança e praticidade no uso. Se você consegue achar a forma de efetuar um pagamento por meio de qualquer dispositivo, e se o serviço é bom, então não deveria haver motivo de procurar pagamentos em dinheiro quando você pode digitalizar tudo isso.
E então o que está impulsionando esse entusiasmo pelas transações digitais?
Em países já mais desenvolvidos, parece ser a procura pela evolução e a praticidade na compra, porém em países menos desenvolvidos as vezes é a necessidade, ou até mesmo uma forma de combater o crime e corrupção. O pagamento mobile é um dos métodos mais seguros de transferência de dinheiro. Também é mais fácil para muitos que não possuem uma conta bancária, mas têm um telefone celular. Do ponto de vista administrativo, as transações digitais são mais simples de regulamentar do que o dinheiro. Dessa forma, as transações digitais ajudam aos governos a combater a evasão fiscal, a corrupção e as transações do mercado negro.
Segundo avaliação e pesquisa do Conselho Nacional de Inteligência Global que analisou como as economias emergentes enfrentam pressão para acabar com a corrupção. "Os protestos de alto nível em lugares como o Brasil e a Turquia - países onde as classes médias se expandiram na última década - indicam que cidadãos mais prósperos esperam governos melhores e menos corruptos e a sociedade".
Exemplos claros do uso do pagamento por celular para combater crime podem ser vistos em Quênia e Afeganistão. A empresa, M-PESA, pioneira em pagamentos por celular na África, utiliza o método nos ônibus compartilhados, conhecidos como 'matatus', que são o principal meio de transporte público no país. A polícia costumava parar esses veículos para subornar aos motoristas e condutores, que muitas vezes, por sua vez, exigiam dinheiro dos passageiros para poder continuar. Para combater isso, as autoridades impulsionaram um sistema eletrônico onde os passageiros teriam apenas cartões pré-pagos ou celulares, com taxa fixa, para assim desanimar aos motoristas e implementar um sistema mais rigoroso com pagamentos rastreáveis.
A Índia mostrou que os governos têm a capacidade de remover dinheiro vivo para reprimir a corrupção e a evasão de impostos e tentar levar seus cidadãos ao setor financeiro regulado. O primeiro-ministro Narendra Modi, chocou ao mundo quando anunciou que as notas de 500 e mil rupias ficariam obsoletas.
No Afeganistão, a razão pela qual o dinheiro digital é uma ferramenta importante para combater a fraude financeira, é que dificulta algumas das formas mais comuns de corrupção que são baseadas em dinheiro vivo: pagamentos de faturas, transferências de dinheiro e pagamentos de salários.
No Brasil, a área de pagamento por QR code ainda está verde, e por enquanto focada em áreas bem diferentes do que ao combate à corrupção. Um exemplo, é a startup Tarwi , que atualmente aplica o mesmo sistema para uma indústria bem específica, a de eventos e festivais. Não será para combater a corrupção, mas pelo menos sim para aumentar a transparência e reduzir fraude nas vendas dos bares em eventos, onde se tem pouco controle do que está acontecendo. Pagamentos em esse tipo de área sempre foi complicada, sendo um grande problema para consumidores em um evento ou balada conseguirem pedir e pagar suas bebidas no bar, principalmente por ser locais com muito tumulto. Um método de pagamento prático, com transações digitais e instantâneas ajudam a facilitar todo esse processo. Segundo Alistair Gillespie, cofundador e diretor comercial da Tarwi, "existem casos onde estabelecimentos podem perder até 30% do faturamento do bar, devido à falta de monitoramento e controle de estoque. Utilizando o método atual, como é o caso das fichas de bebida, não se tem um controle sobre o que realmente foi consumido, ou se um barman decidiu entregar um produto a mais. Com nosso sistema, todas as transações são digitalizadas, conseguindo saber o que foi consumido, quando, por quem, e qual barman entregou."
Independentemente da indústria, se mantém a intenção original dos pagamentos mobile para países em desenvolvimento, onde a ter esse controle deve reduzir o dinheiro em circulação que ajudará a controlar a evasão fiscal, a corrupção e as transações do mercado negro. E ainda mais, fora do ambiente regulatório, os mercados emergentes podem atuar justamente como um campo de testes para um novo futuro sem dinheiro.
Sobre Tarwi
Tarwi é uma solução de pagamento mobile para eventos no brasil, eliminando a necessidade de comprar ficha de bebida ou utilizar comanda. Ao mesmo tempo trazendo maior segurança e praticidade na compra de drinks ou comida, tanto ao consumidor quanto ao produtor do evento ou estabelecimento. Tarwi funciona desde início de 2017 e em apenas alguns meses já marcou presença em vários dos principais eventos musicais de São Paulo.
Website: http://www.tarwi.com.br