Palestinos recebem prisioneiros soltos como heróis e saúdam o Hamas
Milhares de palestinos entoavam cânticos elogiosos ao Hamas neste sábado enquanto recebiam prisioneiros que foram libertados com base em um acordo de cessar-fogo entre o grupo militante e Israel, e que também garantiu a volta de quatro reféns israelenses para casa.
Em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, muitas pessoas carregaram os prisioneiros que foram soltos em seus ombros, em meio a multidões felizes e que esperaram horas para a chegada dos ônibus que traziam os presos.
Algumas pessoas portavam bandeiras palestinas ou de facções como o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, sua aliada Jihad Islâmica e do movimento Fatah, do presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Dentro do Hospital Europeu de Gaza, no sul do enclave, onde 16 presos chegaram para exames, milhares de pessoas foram ao local para recebê-los, gritando "Allahu Akbar" (Deus é o maior) e "Viva as Brigadas Qassam" (braço armado do Hamas).
Ikhlas Balousha, uma mulher que vive no enclave, afirmou que a libertação de seu irmão trouxe alegria, apesar do que chamou de destruição, sofrimento, fome e genocídio, ocorridos dentro do território.
"Um sentimento de dignidade, alegria, um sentimento de vitória, apesar da dor. Um momento em que você poderia ser um mártir, mas graças a Deus, o Senhor dos Mundos, nos permitiu vê-lo", disse ela à Reuters.
Os 200 palestinos soltos neste sábado incluem militantes, alguns deles cumprindo prisão perpétua por envolvimento em ataques que mataram dezenas de pessoas, de acordo com lista publicada pelo Hamas.
Alguns foram soltos na Cisjordânia, enquanto outros voltaram para uma Faixa de Gaza em ruínas após 15 meses de guerra. Os que Israel considera mais perigosos foram levados ao Egito, antes de serem exilados em um terceiro país.
"Eu não tinha dúvidas de que seria solto um dia. Eu estava confiante disso", disse Mohammad Al-Arda, condenado à prisão perpétua e mais 15 anos por sua filiação à Jihad Islâmica. Ele foi recapturado em 2021, após fugir da cadeia por um túnel, com outros três detentos.
"Estávamos em confinamento solitário, sob pressão e dor. Juro por Deus que quando vi a felicidade do meu povo, fiquei feliz também, uma felicidade que as palavras não podem descrever", disse ele após retornar a Ramallah.
Israel afirmou que condenados por matar israelenses não receberão permissão para voltar para casa. Cerca de 70 serão deportados para o Egito, segundo autoridades palestinas, e de lá serão levados para outro país, possivelmente Turquia, Catar ou Argélia.
Naser Dawoud, um militante do Hamas que passou 21 anos na cadeia, cumprindo duas sentenças de prisão perpétua por participar de ataques a Israel, afirmou que não conseguia acreditar que seu nome estava entre os que seriam soltos.
"Sou um ser humano condenado à prisão perpétua, não esperava que isso acontecesse. Houve alguns esforços antes, mas desta vez Deus nos abençoou", disse ele à Reuters.
O Hamas disse que está esperando que Israel honre um acordo de tirar imediatamente as suas forças de vias que dividem o norte e o sul do enclave, para permitir que 650 mil pessoas voltem a suas casas nas regiões mais ao norte.
![Reuters](https://p2.trrsf.com/image/fget/sc/80/30/images.terra.com/2016/04/04/reuters-brasil-novo2.jpg)