Partidos europeus de extrema direita reúnem-se em Varsóvia
Encontro teve primeiros-ministros da Polônia e da Hungria, além de líderes de partidos da França e da Espanha. Legendas estão divididas no Parlamento da UE e divergem sobre relação com o russo Vladimir Putin.Líderes nacionalistas e de extrema direita de vários países da União Europeia reuniram-se em uma "cúpula" em Varsóvia neste sábado (05/12) e tentaram mostrar uma aparência de cooperação em meio a divergências profundas.
O encontro foi organizado com o objetivo de estreitar o contato entre as diversas tendências de extrema direita que hoje estão divididas em dois grupos no parlamento da União Europeia.
Eles também conversaram sobre mudar o "caráter da União Europeia". Atualmente, a Polônia e a Hungria estão em confronto com Bruxelas por violações a princípios do Estado de direito.
A reunião também ocorreu em meio a tentativas para superar um conflito entre diferentes partidos da extrema direita europeia sobre suas conexões com o presidente russo Vladimir Putin.
Faces da extrema direita
A chamada "Cúpula de Varsóvia" teve como anfitrião o partido que governa a Polônia, o ultraconservador Lei e Justiça (PiS).
A eles se juntaram a líder francesa de extrema direita Marine Le Pen, o primeiro ministro-húngaro Viktor Orbán e o espanhol Santiago Abascal, do partido Vox.
Representantes do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) também participaram, enquanto membros do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) e da Liga da Itália estavam ausentes.
Orbán chegou à Polônia na sexta-feira para se encontrar com o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki. Os dois líderes enfrentam no momento problemas em seus países.
O polonês PiS viu sua popularidade cair após uma série de decisões contra as mulheres e as minorias LGBT que têm provocado protestos generalizados. O Fidesz de Orbán enfrentará na eleição do ano que vem uma coalizão dos partidos de oposição.
Diferenças sobre Putin
Morawiecki também recebeu Le Pen para um jantar na sexta-feira, e já havia se reunido com ela em Bruxelas em outubro. A aproximação ocorre após anos de antagonismo sobre a proximidade de Le Pen com Putin, difícil de tolerar na Polônia, um país que foi dominado durante décadas pela vontade do Kremlin.
Radoslaw Fogiel, porta-voz do PiS, reconheceu que os diversos partidos não estão de acordo em todos os tópicos, mas ressaltou que o projeto mais pró-Rússia atualmente na Europa é o gasoduto Nord Stream 2, que foi defendido pela chanceler alemã Angela Merkel.
Wojciech Przybylski, editor-chefe da Visegrad Insight, uma revista de política voltada para a Europa Central, definiu a reunião de sábado como "essencialmente uma manobra de relações públicas". Ele disse à agência Associated Press que acha que o evento foi organizado para que cada partido pudesse mostrar aos seus eleitores que "eles não estão sozinhos".
bl (AP, dpa)