Pela primeira vez, China não registra novos casos de coronavírus
País asiático zera ocorrências de novas infecções pela primeira vez desde o início do surto, em Wuhan, no fim do ano passado. Governo chinês defende sua resposta à crise, que contou com medidas rígidas de contenção.A China anunciou neste sábado (23/05) que, pela primeira vez desde o início do surto de coronavírus, não registrou nenhum novo caso de covid-19 em seu território. Também não houve novas mortes ligadas à doença, informou a Comissão Nacional de Saúde do país.
Contudo, as autoridades disseram que investigam dois novos casos suspeitos, um importado (quando o vírus foi contraído em outro país) em Xangai e outra suspeita de transmissão local na província de Jilin, no nordeste do país.
Segundo a comissão, ao todo há 79 casos ativos de infecção, nove deles graves. Outras 376 pessoas estão isoladas e sendo monitoradas, ou por estarem sob suspeita de infecção ou por terem testado positivo sem apresentar sintomas.
O coronavírus Sars-Cov-2 foi registrado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan em dezembro do ano passado, e acabou se alastrando por outros países e continentes nos meses seguintes, infectando mais de 5 milhões de pessoas e matando mais de 300 mil.
Segundo dados oficiais, o número de infecções na China atingiu seu pico em meados de fevereiro, mas, em março, passou a sofrer quedas acentuadas em meio às medidas de contenção impostas pelo governo. O país chegou a zerar as transmissões locais, mas continuou registrando casos importados.
A nação asiática de 1,4 bilhão de pessoas soma hoje mais de 82 mil infecções e 4.634 mortes, um número bem abaixo dos registrados em países muito menores.
Contudo, a confiabilidade dos números oficiais da China tem sido questionada, principalmente pelos Estados Unidos. Pequim nega as acusações de encobrimento e insiste que tem sido transparente no compartilhamento de informações com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O marco de zero casos ocorre um dia depois de o primeiro-ministro Li Keqiang ter dito que o país alcançou "grandes conquistas estratégicas em nossa resposta à covid-19". Ele alertou, contudo, que a nação ainda enfrenta desafios "imensos". Autoridades seguem monitorando de perto Wuhan, antigo epicentro da doença, e pretendem testar todos os seus 11 milhões de habitantes.
Neste sábado, o diretor do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, Gao Fu, também defendeu a resposta do governo chinês à crise, mas afirmou que críticas são compreensíveis.
"Com tamanha epidemia na China e no mundo, é muito normal receber críticas do público", disse o virologista a repórteres. "Aceitamos [as críticas] com humildade." Países como EUA e Austrália criticaram Pequim pela falta de transparência sobre o vírus logo no início do surto.
Gao afirmou que a resposta do governo chinês à epidemia foi "boa" comparada com as de outras nações, ainda mais por ter sido o primeiro país a ter que lidar com a crise e não ter em que se espelhar. Ele comparou a epidemia no país a fazer uma prova sem poder consultar livros.
A queda nas infecções segue uma tendência asiática. Neste sábado, a Coreia do Sul, por exemplo, registrou apenas 23 novos casos de coronavírus em seu território, a maioria deles em Seul.
EK/ap/rtr/dpa
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