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PF confirma grampo ilegal na cela de Alberto Youssef, delator da Lava Jato

Laudo apontou o uso de escuta clandestina para ouvir conversas de Alberto Youssef enquanto ele esteve preso em Curitiba

19 mai 2023 - 17h58
(atualizado às 18h05)
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Doleiro Alberto Youssef, que, segundo a Lava Jato, 'modernizou' métodos de lavar dinheiro.
Doleiro Alberto Youssef, que, segundo a Lava Jato, 'modernizou' métodos de lavar dinheiro.
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

Um laudo da Corregedoria da Polícia Federal (PF) constatou o uso de uma escuta ilegal para interceptar as conversas do doleiro Alberto Youssef durante o período em que ele esteve preso na superintendência da corporação em Curitiba, conforme apuração do Estadão

De acordo com o documento, a escuta ilegal permaneceu em funcionamento durante o período de 17 a 28 de março de 2014. O aparelho foi descoberto pelo próprio doleiro enquanto ele ainda estava sob custódia preventiva, o que levou à abertura de uma investigação interna pela PF.

Após o laudo, a defesa do doleiro está estudando a possibilidade de solicitar a anulação da delação de Alberto Youssef. 

“O que se pode concluir, por tudo o que foi apurado nesta sindicância, é que houve, de fato, a realização de gravações ambientais em cela de custódia”, diz um trecho do relatório da apuração, obtido pelo Estadão.

Durante seu depoimento, o doleiro mencionou ter encontrado uma "caixa metálica de cor preta" e constatou que o dispositivo estava conectado à rede elétrica.

Investigação Administrativa

Segundo os resultados da investigação administrativa, o policial federal Dalmey Fernando Werlang foi o responsável pela instalação de um dispositivo de escuta na cela do doleiro. Ele admitiu ter colocado o grampo, porém alegou ter recebido ordens de seus superiores hierárquicos.

O laudo pericial concluiu que as conversas captadas ‘levam a inferir que os interlocutores seriam presos da Operação Lava Jato’. Além de Alberto Youssef, estavam na mesma cela o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, o doleiro Luccas Pace Júnior, o delator Carlos Alexandre de Souza Rocha e o operador André Catão de Miranda. 

O caso foi trazido ao conhecimento de Sérgio Moro, que à época atuava como juiz na Operação Lava Jato. A pedido da defesa, ele notificou o Ministério Público Federal (MPF). No entanto, Moro afirmou que não havia nenhuma prova direta, indireta ou mesmo remota da existência dos grampos.

“As explicações das duas autoridades policiais afiguram-se, prima facie, plausíveis no sentido de que não haveria qualquer escuta ambiental contra o investigado, apesar da localização do aparelho, aparentemente inativo, na cela”, escreveu na ocasião.

Alberto Youssef tornou-se conhecido por fechar o primeiro acordo de delação premiada no Brasil durante o caso conhecido como Banestado. Após ser preso novamente no âmbito da Operação Lava Jato, ele firmou outro acordo de colaboração, o qual impulsionou investigações contra dezenas de políticos envolvidos em casos de corrupção na Petrobras.

Fonte: Redação Terra
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