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PF desvela 'mecânica' do assassinato de Marielle e vê planejamento oito meses antes do crime

Polícia Federal no Rio de Janeiro diz que foram juntadas provas 'consistentes' sobre a execução do crime em 2018 e aponta envolvimento direto de Maxwell Maxwell Simões Correa, preso nesta manha, nos 'atos preparatórios' do homicídio

24 jul 2023 - 12h19
(atualizado às 13h46)
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A vereadora Marielle Franco foi assassinada em 2018
A vereadora Marielle Franco foi assassinada em 2018
Foto: Reprodução

A Polícia Federal no Rio de Janeiro considera que as investigações da Operação Élpis - que prendeu o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa na manhã desta segunda-feira, 24 - já esclareceram toda a 'mecânica' do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, juntando provas 'consistentes' sobre a execução do crime em 2018. A PF vê envolvimento direto de Maxwell nos 'atos preparatórios' do homicídio.

Como mostrou o Estadão, o inquérito avançou a partir da delação premiada de Élcio Queiroz, ex-policial que confessou sua participação no crime. De acordo com os investigadores, Élcio narrou que o envolvimento de Suel no caso 'remonta os meses de agosto e setembro de 2017, até o exaurimento do crime'. Em delação, o motorista do crime revelou que os investigados fizeram uma série de campanas sobre Marielle com o intuito de, segundo a PF, aproveitar uma 'janela de oportunidade' para a execução do assassinato.

A PF diz que, segundo Élcio, Maxwell auxiliou com a manutenção do carro usado no homicídio, assim como fez a 'vigilância' de Marielle. Depois do assassinato, ele teria ajudado os executores a trocar as placas do veículo e contatou a pessoa que foi responsável por dar fim ao veículo, picotá-lo. Segundo os investigadores, o ex-bombeiro ainda auxiliava, junto com Ronnie Lessa (suposto executor dos disparos), a família de Élcio. Também ajudava com a defesa do delator. Para a PF, tal contexto mostra 'contemporaneidade' na atuação do ex-bombeiro.

Os investigadores ainda detalharam o relato de Élcio sobre o dia do crime. Segundo o delator, Suel participaria da execução, mas foi substituído no dia do crime, em 14 de março de 2018. Ronnie teria confidenciado que Maxwell 'refugou' em uma das campanas na espreita de Marielle. Segundo os investigadores, nessa ocasião, o executor do crime teria visto uma chance de matar a vereadora, mas houve um problema no carro, sendo que Ronnie teria atribuído a culpa do evento a Maxwell.

Ronnie Lessa consultou CPF de Marielle e filha

De acordo com o superintendente da Polícia Federal, Leandro Almada, o ex-PM Ronnie Lessa, acusado de ser o executor de Marielle, pesquisou os CPFs da vereadora e de sua filha, Luyara Santos, dois dias antes do crime. "Na investigação, o Ministério Público identifica que, em um site a pesquisa pelo CPF da Marielle e da filha dela. A partir disso, pesquisa no Google onde fica o endereço que havia lá no cadastro, um endereço que já tinha sido dela. Descobriu-se a forma de pagamento dessa consulta pelo próprio Ronnie. A defesa dele diz que ele nunca havia procurado por Marielle Franco. A pesquisa foi feita dois dias antes do crime", diz o superintendente.

A Polícia Federal detalhou os principais pontos da delação de Elcio Queiroz em coletiva nesta segunda. Também levantou hipóteses sobre o que teria levado o ex-PM a fechar a delação com o Ministério Público. Segundo a corporação, Ronnie teria garantido a Elcio que não tinha pesquisado Marielle - nesse caso, os investigadores veem uma 'quebra de confiança' entre os dois. Além disso, em depoimento, a mulher de Lessa teria dado uma versão que confrontava a dos réus. Ela teria indicado que nem Élcio, nem Lessa, estavam em casa no dia do crime - ao contrário do que a dupla afirmava à Justiça.

Estadão
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