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Picos de novos seguidores de Bolsonaro coincidem com crises

Crises de repercussão na imprensa, como aumento de queimadas na Amazônia, foram revertidos em engajamento e novos seguidores

4 abr 2020 - 05h11
(atualizado às 09h24)
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Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro durante inauguração do novo pronto-socorro da Santa Casa de Santos
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro durante inauguração do novo pronto-socorro da Santa Casa de Santos
Foto: Marco Silva / Futura Press

Um estudo elaborado pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP) mostra que, no último ano, a base de seguidores do presidente Jair Bolsonaro em todas as redes sociais oficiais cresceu acima da média em momentos de crise.

A pesquisa, que analisou as contas do Facebook, YouTube, Instagram e Twitter do presidente, sugere que, ao longo do último ano de governo, ocorreu uma série de alinhamentos da base pró-Bolsonaro para defendê-lo, pela radicalização e negação da avaliação de especialistas de ações do governo.

Segundo o relatório, crises de repercussão na imprensa, como os atos contra os cortes na Educação, o depoimento do porteiro do condomínio Morada do Sol associando a família Bolsonaro ao assassinato da vereadora Marielle Franco e o aumento expressivo de queimadas na Amazônia, foram revertidos em engajamento e ganhos de novos seguidores, com expressão mais notável no Facebook.

O pronunciamento, do último dia 24, em que Bolsonaro defendeu o isolamento social apenas para pessoas do grupo de risco do novo coronavírus, causou aumento do número de seguidores cerca de dez vezes maior do que a média, o maior aumento desde março do ano passado.

Márcio Moretto Ribeiro, coordenador do Monitor do Debate Político no Meio Digital e autor do estudo, avalia que o levantamento não é contraditório com quedas de aprovação do governo nos mesmos períodos.

Segundo o professor da USP, o fenômeno é possível porque os novos apoiadores são ou se tornam mais radicais e negam especialistas apresentados pela imprensa como premissa. "Como pesquisas indicam queda de aprovação de seu governo no mesmo período, o que fica sugerido é um realinhamento de sua base de apoio que se torna menos numerosa porém mais radical".

A reprovação ao governo atingiu 42% em abril, ante 36% em março, de acordo com edição da 'Pesquisa XP com a População', realizada pela instituição em parceria com o instituto Ipespe divulgada nesta sexta-feira.

Estadão
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