Planeta ultrapassa pela primeira vez limite crítico de aquecimento
O planeta registrou em 2024 a maior temperatura da história, sendo o primeiro ano a ultrapassar a marca de 1,5°C de aumento na temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais. A informação foi divulgada pelo centro europeu Copernicus, que monitora o aquecimento global e as mudanças climáticas.
Segundo o relatório, a temperatura média global foi de 15,10°C, representando um aumento de 1,6°C. "O índice ficou acima de 1,5°C ao longo de 11 meses do ano", informou o estudo. O limite de 1,5°C é estabelecido pelo Acordo de Paris como um alerta crítico para evitar consequências graves no clima. Ainda assim, o acordo considera a média de 20 anos, o que significa que o limite não foi ultrapassado de forma definitiva.
EU Earth observation satelite system Copernicus warns you: 2024 was the warmest year on record and the first to exceed 1.5°C above pre-industrial level.
The Global Climate Highlights Report 2024 urges us for a bold climate action to protect our planet.
🌱#EUSpace #ClimateAction pic.twitter.com/3JeHxk9Wru
— Andrius Kubilius (@KubiliusA) January 10, 2025
Qual o impacto do aquecimento dos oceanos?
O calor recorde foi sentido em todos os continentes e impulsionado pelo aquecimento dos oceanos. Em 2024, a temperatura média da superfície dos mares atingiu 20,87°C, o maior valor já registrado, 0,51°C acima da média histórica (1991-2020).
"O oceano mais quente reflete a realidade de um planeta mais quente. As águas funcionam como um grande 'bolsão' de calor, ajudando a absorver as altas temperaturas. No entanto, quando estão mais quentes, há também mais vapor de água e isso é um risco para eventos extremos", destacou o relatório.
A quantidade de vapor de água na atmosfera atingiu um recorde histórico, cerca de 5% acima da média de 1991 a 2020. Esse aumento contribuiu para eventos climáticos severos, como ciclones, tempestades e volumes extremos de chuva, além de secas prolongadas, como a enfrentada no Brasil desde 2023.
"Este fornecimento abundante de umidade ampliou o potencial para ocorrências de chuvas extremas. Além disso, combinado com as altas temperaturas da superfície do mar, contribuiu para o desenvolvimento de grandes tempestades, incluindo ciclones tropicais", detalhou o relatório.
Emissões de gases do efeito estufa são as maiores já registradas
O Copernicus aponta que o aquecimento está diretamente relacionado ao aumento nas emissões de gases do efeito estufa. A concentração de dióxido de carbono em 2024 foi de 422 ppm (partes por milhão), 2,9 ppm a mais que no ano anterior.
"Os nossos dados apontam claramente para um aumento global constante das emissões de gases com efeito de estufa e estes continuam a ser o principal agente das alterações climáticas", afirmou Laurence Rouil, diretor do centro europeu ao g1.
Além disso, os incêndios florestais também ganharam força em função da seca e das altas temperaturas, como os ocorridos no Brasil e na Califórnia, que enfrentou o maior incêndio de sua história durante o inverno.
Especialistas alertam que eventos climáticos extremos, como chuvas intensas, secas prolongadas e temperaturas recordes, continuarão a ser cada vez mais frequentes se medidas globais para reduzir emissões não forem implementadas rapidamente.