Polícia Federal quer policiamento ostensivo na área onde índios foram assassinados no Maranhão
Funai diz que corpos ainda estão sendo periciados e que base da PRF foi montada em Terra Indígena
BRASÍLIA - Os corpos dos dois índios da etnia guajajara que morreram após atentado a balas às margens da BR-226, no município de Jenipapo dos Vieiras, no Maranhão, continuam sendo periciados pelo Instituto Médico Legal (IML) de Imperatriz. Durante a manhã e a tarde deste domingo, a Polícia Federal manteve reuniões com funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Militar e Governo do Estado do Maranhão "a fim de elaborar estratégias de busca e policiamento ostensivo na região".
A informação é da Funai que acompanha de perto o momento de tensão na região da Terra Indígena.
"A Funai informa que está atenta acompanhando de perto todas as investigações que estão sendo realizadas pela Polícia Federal, para que os fatos sejam esclarecidos e os culpados sejam identificados e presos", disse a fundação na nota. Ainda segundo a Funai, uma base de apoio que já estava prevista foi montada pela polícia Rodoviária Federal na região.
Desde quando as mortes foram confirmadas, tanto a Funai quanto o Ministério da Justiça têm recebido críticas pela falta de proteção aos povos indígenas no Maranhão. O secretário de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular em exercício, Jonata Galvão, afirmou em entrevista ao Estado que o governo federal deveria adotar medidas efetivas para proteger os territórios indígenas do Estado, e não agir apenas após os ataques acontecerem.
"São só respostas reativas às barbaridades que têm acontecido. Queremos saber se o governo federal vai ficar reativo aos atentados ou se vai estruturar uma medida concreta e agir para combater esses crimes", desabafou.
Tanto a Funai como o governo federal e o ministério da Justiça foram procurados pela reportagem, mas ainda não se manifestaram sobre as declarações do secretário. Ainda de acordo com Jonata, o governo maranhense enviou ofícios para pedir ajuda na proteção aos indígenas ameaçados ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, mas não obteve resposta.
"Quando fazemos um pedido desse, estamos afirmando categoricamente que existem áreas com extrema vulnerabilidade, com risco de morte e seria importante que o governo federal pudesse dar uma resposta", completou Jonata.
Os dois índios da etnia guajajara foram assassinados na tarde deste sábado às margens da BR-226, no município de Jenipapo dos Vieiras, no Maranhão, 500 quilômetros ao sul da capital São Luís. De acordo com a Funai, os indígenas foram atingidos por tiros disparados por ocupantes de um veículo Celta, de cor branca e com vidros espelhados. Outros dois índios ficaram feridos.
Estrada liberada
Um trecho da rodovia BR-226, que havia sido bloqueado desde sábado por manifestantes indígenas, foi liberado. "Em decorrência das negociações realizadas na data de hoje, com o acompanhamento da Funai, PM ,e PRF e Governo do Estado, a BR-226, entre as cidades de Grajaú e Barra do Corda, foi liberada", conclui a nota.