Polícia russa prende mais de 300 pessoas em memoriais de Alexei Navalny
As autoridades da capital afirmaram que estavam cientes de chamados online para um grande protesto no centro de Moscou e aconselharam as pessoas a não participarem
A polícia russa já prendeu mais de 300 pessoas em diversas regiões do país durante manifestações realizadas em torno da memória e honra ao líder da oposição Alexei Navalny. De acordo com as autoridades da Rússia, o rival de Putin faleceu nesta sexta-feira (16) em uma remota colônia penal após uma caminhada. O grupo de monitoramento de protestos OVD-Info relatou que mais de 110 pessoas foram detidas, sendo que 64 foram em São Petersburgo.
Alexei Navalny, de 47 anos, estava cumprindo uma sentença de 19 anos na remota prisão "Polar Wolf", localizada no Ártico. Sua morte foi motivo de tristeza e choque em todo mundo, além de condenações por parte de líderes mundiais. À medida que a notícia de sua morte se espalhava, ocorreram manifestações espontâneas em várias regiões, com pessoas detidas em 13 cidades.
Nesta sexta-feira (16), pessoas colocaram em Moscou centenas de velas e flores que as autoridades recolheram durante a noite. Dezenas de rosas e cravos ainda estão na neve, próximos ao monumento às vítimas da repressão soviética, perto da antiga sede da KGB no centro de Moscou. Além disso, as redes sociais russas partilharam fotos e vídeos exibindo a retirada de flores dos monumentos. Ainda, a polícia bloqueou o acesso a um memorial em Novosibirsk, na Sibéria, e deteve várias pessoas lá. Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostrou pessoas colocando flores vermelhas na neve enquanto a polícia impedia o acesso ao memorial.
Vale ressaltar que a Rússia proíbe a realização de protestos e as forças policiais têm sido severas na repressão às manifestações em apoio a Navalny. Nesse sentido, as autoridades da capital afirmaram que estavam cientes de chamados online para um grande protesto no centro de Moscou e aconselharam as pessoas a não participarem.
A prisão de Alexei Navalny e o impacto nas eleições russas
As autoridades prenderam o opositor de Putin em janeiro de 2021 ao voltar para Moscou. Antes disso, ele estava na Alemanha se recuperando de um envenenamento sobre o qual culpou o governo russo. Posteriormente, ele recebeu três condenações, sendo alegado que cada caso era politicamente motivado. Ao todo, as autoridades declararam uma sentença de 19 anos a Navalny por extremismo.
Depois da última condenação, ele chegou a dizer que entendia que estava "cumprindo pena de prisão perpétua". Dessa forma, para ele, sua pena seria medida pela duração de sua vida ou pela duração da vida do regime atual russo. Algumas horas depois da notícia de sua morte, Yulia Navalnaya, esposa de Navalny, fez um discurso na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha.
"Se isto for verdade, quero que Putin e todos os que o rodeiam, os amigos de Putin e o seu governo saibam que serão responsáveis pelo que fizeram ao nosso país, à minha família e ao meu marido. E esse dia chegará muito em breve", declarou Yulia.
Quanto a eleição presidencial russa, que está prevista para ocorrer em menos de um mês, especialistas acreditam que a morte de Alexei Navalny não terá grande influência. "Navalny não tinha nenhum peso político significativo na Rússia. Ele tinha um exército de apoiantes, mas comparado com a proporção geral do eleitorado conservador russo eles eram, e continuam a ser, uma minoria", explicou o professor de estudos estratégicos na Universidade Curtin, Alexey Muraviev, à Al Jazeera.
Contudo, para Muraviev, isso poderia atrapalhar o presidente russo no restabelecimento de um diálogo com o Ocidente.
Homens mascarados, provavelmente agentes do FSB, a agência que sucedeu o KGB, retirando flores que foram depositadas em homenagem a Alexei Navalny, que morreu ontem em uma prisão na Sibéria em circunstâncias ainda não esclarecidas. pic.twitter.com/7OmISkTqpy
— Hoje no Mundo Militar (@hoje_no) February 17, 2024
* Sob supervisão de Lilian Coelho