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   TAILOR DINIZ
tailordiniz@terra.com.br

Eu tenho a lista!!!


A mulher está sentada em frente ao toucador, de costas para o marido. Súbito, ela se vira, como quem saca uma automática da cintura com a firme intenção de puxar o gatilho a qualquer momento:

"Não agüento mais este meu nariz!", diz ela, encarando o marido.

"Não sei por que...", retruca ele, a cara de quem já fez ponta em chanchadas nos áureos tempos da Boca do Lixo.

"Um dia você ainda vai se arrepender desse cinismo todo, ah vai!"

Ela caminha em direção à cabeceira da cama, onde o marido
acabara de se deitar. A nuca sobre as duas mãos espalmadas em cima do travesseiro, ele não se mexe. Movimenta apenas os olhos para acompanhá-la. Ela traz no rosto, cada vez mais acentuado, um jeito meio indignado de ser.

"Não agüento mais este meu nariz!". Ela se ajoelha ao lado da cama e o encara, olho no olho. "Olha pra mim!"

"Estou olhando."

"Olha bem pro meu nariz."

"Sim, estou olhando."

"E então?"

"Não vejo nada de mais."

Ela dá um suspiro, as mãos na cintura:

"Você não vê nada demais porque é um porco avarento."

"Eu até acho o teu nariz bem sensual."

"Você vai pagar muito caro por esse cinismo, ah vai!"

A mulher se levanta, como quem acaba de tomar uma decisão
importante, e fica parada, olhando para o marido. Ele mantém o mesmo ar bonachão do figurante que já teve seu dia de glória em avant-première de filme pornô. Ela continua, agora aos gritos:

"Eu sei de tudo, seu canalha! De tudo mesmo, seu trambiqueiro!"

Apanha o telefone e caminha na direção da porta.

"Deixa de cena, fofa!", diz ele, ainda na mesma posição. "Vem cá, vem..."

"Agora é tarde, senhor Raimundo! A Inês é Marta!", grita ela, furiosa. "EU TENHO A LISTA!!!"

Ele pula da cama:

"Que lista!!!?"

Ela começa a discar:

"Não se faça de bobo, Raimundo! Você sabe muito bem do que
estou falando!"

Ele corre para ela:

"Espera aí, amor! Você vai ligar pra quem!?"

"Vou entregar a lista, ora! Você está ferrado, Raimundo!
Fer-ra-do!!!"

Ele arranca o telefone da mão dela, interrompendo a chamada:

"Só um pouquinho, amor! Espera! Vamos conversar! É
conversando que a gente se entende..." Ele coloca o braço sobre os ombros dela. "Pensando melhor, você tem razão. Eu acho lindo esse teu narizinho assim como ele é, sinceramente... Mas se vai fazer bem pra tua cabeça, pro teu astral, pode marcar a cirurgia pra amanhã mesmo. Tá bem assim, amor?"

Ela abre a boca e aparecem todos os dentes num imenso sorriso de alegria.

"Jura!?"

"Juro. Mas fique certa de uma coisa: vou ficar com saudade desse meu narizinho lindo, tá certo?"

" Nojento!"

Ele ainda tem o rosto lívido e se esforça para aparentar
serenidade. As pernas ainda moles, afasta-se em direção à porta. Joga um beijo para ela e antes de deixar o quarto ainda diz, a voz um pouco trêmula:

"Mas fique certa de uma coisa, amor: sempre fui contra essa
plástica porque adoro você assim, como você é... compreende?"

Ela faz que sim com a cabeça e permanece onde está, ar de vitória. Assim que ele deixa o quarto, ela pega o telefone e liga para uma amiga.

"Biloca, querida! Descobri uma forma de convencer o Bezerra a pagar a tua lipo, amanhã mesmo! Faz uma cara feroz e diz assim: 'Eu sei de tudo, seu canalha, trambiqueiro! EU TENHO A LISTA!' Depois pega o telefone e simula que vai entregar a lista. É tiro e queda, meu amor!"

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