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   TAILOR DINIZ
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O Cacildo e o engano da sogra

Sexta, 03 de agosto de 2001


O Cacildo foi levar um passageiro ao interior do Estado e por conta desse fato ficou três dias longe de casa. Não precisava tanto tempo, claro. Mas o Cacildo, que é um sujeito esclarecido sobre os seus reais débitos com o Criador, que tem plena certeza de que o céu jamais será o seu destino após a morte, tomou uma coerente decisão.

“Vou adiantar o serviço!”, disse ele, olhando-se no retrovisor do táxi, uma palito de fósforo mascado no canto da boca.

O raciocínio do Cacildo, a bem da verdade, não deixava de ter uma certa lógica. Já que o seu destino era mesmo o inferno, não tinha nada a perder se fosse, desde já, fazendo uma média com o diabo. Ou seja: o Cacildo aprontou todas as que tinha direito e mais um pouco, durante a viagem.

Quando chegou em casa, três dias depois, deu com a sogra, na entrada do prédio, que chegava da feira e se prontificou para ajudá-la a carregar as sacolas. Mas bastou ela ver o Cacildo diante de si para sair correndo, num berro só, para dentro do edifício.

A segunda pessoa a ver o Cacildo foi a Vivi, sua mulher, que tão logo botou o olho nele caiu dura no chão. Depois foi a vez da cunhada, de dois sobrinhos, de uma tia e da mulher do síndico. Todos durinhos no chão, desmaiados.

Mas o bom da vida é que, mesmo no meio da turba, sempre há uma alma com a cabeça no lugar para restabelecer a ordem. A Nenê, vizinha dele, por sinal um dos motivos mais concretos para levar o Cacildo a ter tanta certeza de que o seu futuro era mesmo o inferno, foi quem matou a charada.

“Gente, enterraram o homem errado!”, gritou ela, sem disfarçar a alegria.

Tudo verdade. Tão verdade que foi a sogra, sozinha no necrotério, quem reconheceu como do Cacildo o corpo do sujeito acidentado que a família havia enterrado no dia anterior. A mesma sogra que até hoje anda pela casa com um crucifixo na mão e não aceita, em hipótese alguma, que o Cacildo esteja mesmo vivo.

“Vade retro, satanás!”, diz ela, sem dar o braço a torcer, sempre que cruza com ele dentro de casa.

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