Quando o pessoal da firma decidiu fazer um churrasco de confraternização, o Carlão pulou da cadeira e pediu que deixassem a salada com ele.O Carlão iniciava uma nova fase na vida e tinha lido em algum lugar que mudança radical, de verdade, tem que passar, necessariamente, por uma alimentação saudável.
Então ficou combinado que ele faria a salada e o Godzila o churrasco.
Cedo da manhã, o Carlão foi para a feira livre. Aliás, essa era a primeira regra básica para uma boa alimentação: conhecer a procedência do produto. E o repolho tinha que ser roxo!
Melô do Tigrão no rádio-melancia, clima de festa, e o Carlão assumiu a cozinha. Ia preparando a salada e discorrendo sobre os benefícios de cada ingrediente:
"Brócolis, cenoura, tomate e repolho roxo têm flavonóides e ácido fólico. Os flavonóides e os polifenóis, que também são encontrados na cebola (roxa!) baixam o colesterol ruim e aumentam o bom".
O Carlão estava tão eloqüente que foi até a churrasqueira e tentou fazer ver ao Godzila que a páprica ou a pimenta cayenna substituem o sal com vantagem, sem alterar o sabor da carne. O Godzila, no entanto, fez justiça ao bom senso do sujeito que lhe dera tal apelido e atalhou:
"Carlão! Você pode cuidar da saúde da turma que eu não me importo. Mas não te mete aqui! De doença entendo eu, tá certo!?"
O Carlão, então, foi montar a mesa da salada, sempre muito didático sobre tudo o que fazia:
"Visual e criatividade também são importantes. Uma alimentação saudável começa pelos olhos, gente!"
Dito isso, anunciou que todos podiam se servir. Apanhou um prato e, salivando, caminhou até a churrasqueira, onde foi ter uma rápida conversa com o Godzila.
"Libera uma picanha aí, parceiro. Mal passada, por favor!"
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