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   TAILOR DINIZ
tailordiniz@terra.com.br

O Maneca e o disco voador


Todas as tardes o Maneca ia ao Bar do Alaor beber com os amigos. Como sua mulher trabalhava fora e chegava sempre mais tarde, por volta das oito, ele ficava no bar, bebendo e jogando conversa fora. Ali pelas oito e pouco ela metia a cabeça na porta, dava um assovio e o Maneca ia atrás, quase correndo.

O argumento dele era de que sentia um imenso vazio de angústia por dentro de ficar sozinho em casa, por isso saía do trabalho e ia direto beber com os amigos. A Daiane foi deixando. Afinal, o Maneca em casa ou no bar, se fazia alguma diferença, era para melhor. Pelo menos não bagunçava o ambiente enquanto ela não chegava.

Vai daí que um dia, pouco antes de a mulher do Maneca passar, chegou ao bar uma loira vendendo assinaturas de revista sobre disco voador. Muito educadamente, ela pediu licença aos presentes para mostrar o material e todos, naturalmente, permitiram.

O Maneca foi o primeiro a demonstrar interesse pelo assunto. Disse que a presença dela ali vinha muito a propósito, já que ampliar seus modestos conhecimentos sobre discos voadores sempre fora de seu maior interesse desde criança. No final das contas, mediante o preenchimento de três pré-datados, o Maneca se tornou o feliz proprietário de uma assinatura de dois anos.

Com a intenção de brindar o bom negócio, o Maneca pediu ao Alaor outra ceva e mais um copo. Assim que convidou a vendedora para um brinde, e ela aceitou, a Daiane meteu a cabeça na porta e viu os dois.

O Maneca, então, apressou-se em discorrer sobre o bom negócio que acabara de fazer. Disse que sempre fora de seu interesse se aprofundar no assunto e aquela era a oportunidade que esperava havia tempo. Mas quanto mais falava mais se enrolava, pois mal sabia ele que a Daiane, desde que se casaram, também vendia assinaturas da mesma revista.

Um tanto constrangido, o Maneca devolveu a primeira revista da assinatura e conseguiu reaver os pré-datados. Mas voltou para casa arrastado pela Daiane que, com uma notável freqüência, lhe metia um ponta-pé no traseiro e o brindava com uma saraivada de impropérios, de "cachorro sem vergonha" para baixo.

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