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   TAILOR DINIZ
tailordiniz@terra.com.br

O Adílio e a surpresa do amigo

Sexta, 16 de novembro de 2001


A Tina recém havia chegado ao aeroporto quando ouviu a notícia de que um avião tinha caído em Nova York. Não foi do Bin Laden que se lembrou primeiro. Foi da teoria, baseada sabe-se lá em que fatos, de que acidentes aéreos acontecem sempre em série de três.

Como não queria dar chances ao azar, decidiu esperar caírem os outros dois para só então se sentir outra vez segura dentro de um avião. Já em casa, até pensou em avisar o Valdir do acontecido, mas logo se esqueceu, ocupada que estava em desfazer a bagagem.

Quando ligou a TV para ver as notícias, ouviu um barulho na porta e pensou que fosse ele, o Valdir, seu marido. Qual não foi a surpresa da Tina quando viu o Adílio, melhor amigo do Valdir, entrando no apartamento, abraçado a duas mulheres.

“Ué, tu por aqui, Tina!?”, perguntou o Adílio, surpreso, tentando esconder as mulheres atrás de si.

“ É...”, respondeu a Tina, num tom de quem já estava pronta para a briga. “Eu por aqui, sim! Algum problema por eu estar nas dependências da minha própria casa, senhor Adílio?”

O Adílio pensou um pouco e, pela cara que fez, concluiu que não havia outra saída. Impossível tentar esconder as mulheres e ainda dar a entender que era normal ele ali, na casa da Tina, chegando com duas mulheres, sem mais nem menos.

“Está bem, Tina”, disse ele, tentando aparentar calma e naturalidade. “Eu assumo tudo, tudo. O Valdir não sabe de nada, certo? Eu só queria dar uma surpresa nele. O crápula sou eu, Tina! Podes crer! O crápula nessa história sou eu, Tina, o Valdir não tem nada a ver, certo?”

Foi nesse instante, porém, que ouviram-se passos no corredor e se viraram todos para a porta.

“Meninas do meu Brasil! Cheguei!”, gritou o Valdir, uma caixa de isopor numa mão e quatro sacolas de supermercado na outra.

“Mas que legal, gente!”, gritou a Tina, com raiva, assim que viu o marido passando a porta. “O Adílio tem uma surpresa pra você, querido... Acho que você vai gostar! Conta Adílio, vai. Diz pra ele quem é o crápula nessa história. Repete que o crápula é você, Adílio, vamos!

Em nome da amizade, o Adílio bem que tentou, mas desistiu a pedido do próprio Valdir.

“Valeu, cara!”, disse o Valdir, ao mesmo tempo em que se jogava aos pés da Tina, as mãos postas como se fosse rezar. “Perdão, amor! Foi um momento de fraqueza...”

“Além de calhorda, muito pouco original para o meu gosto...”, disse a Tina, tomando o caminho do quarto para refazer as malas.

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