O Pepê trabalhava feito um animal. Saía para o escritório às sete da manhã e só voltava pra casa por volta das oito da noite. Todos os dias. Se facilitasse, sábados, domingos e feriados também. Naquele dia, o Pepê decidiu sair da rotina, desmarcou hora com os clientes da tarde e caiu da boca.Faz-se necessário informar, também, que o Pepê sempre foi um homem apaixonado pela mulher. Para fazer um agrado a ela, naquela tarde de consentido ócio, passou no supermercado e comprou aquilo que ele imaginava ser, depois dele, o maior deleite da Cida: champanha brüit com damascos secos.
Feito isso, embarcou no carro e deitou o cabelo no rumo de casa. Se colocasse a garrafa no freezer àquela hora, no entardecer podiam tomá-la à beira da piscina, bem como a Cida gostava. Assim que desligou o motor do carro, dentro da garagem, porém, ele foi surpreendido pelos gritos da mulher, que pedia socorro, gritando o nome dele.
O Pepê correu e a encontrou à beira da piscina, completamente nua.
"Acuda, amor!", gritou ela. "O maníaco do biquíni, o maníaco do biquíni me assaltou, amor!"
O Pepê segurou-a nos braços e custou para acalmá-la.
"O importante", argumentava ele, "é que você está viva! Ele chegou a tocar em você?"
"NÃO!!!", gritou a Cida, ainda transtornada.
Aí o Pepê contou do champanha com damascos que havia trazido, acariciou-a um pouco, chegou a ficar excitado ao vê-la nua, o seu corpo bem torneado, até que a Cida deitou a cabeça no ombro dele e deu sinais de que o incidente não ia deixar seqüelas.
"Está mais calma, agora?", perguntou o Pepê, beijando no pescoço.
Ele fez que sim com a cabeça, dengosa.
A bem da verdade, no entanto, a Cida não relaxou em momento algum. Após beberem champanha com damascos no local do crime, voltaram para dentro de casa. Enquanto preparava o jantar, ela matutava um jeito de pescar a sunga que o tal maníaco do biquíni havia perdido, no fundo da piscina, durante a sua desabalada fuga.
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