Um clima legal entre o Bira a Silvinha rolando havia tempo. O que faltava era uma oportunidade. E ela surgiu na festa de fim de ano da firma.A prova de que a Si estava mesmo a fim do Bira foi a campanha acirrada que ela fez pela candidatura do Fernandez na eleição de Mala do Ano. O Fernandez venceu por larga margem de votos, deixando o Bira em segundo lugar.
"No Brasil quem dá bola pra vice?", sussurrou a Si no ouvido do Bira.
No final da festa, quando entravam no carro, o Bira suspirou e disse que, finalmente, estavam livres daquela barulheira infernal, pagode e samba-enredo do início ao fim. E decidiu fazer um grau com a Si: falou que o bom mesmo, pra relaxar, seria ouvir alguma coisa mais soft, tipo Mozart, Chopin...
Foi, então, que a Si veio com tudo.
Contou que havia na cidade um ótimo lugar, onde só se tocava Quartetos de Mozart e Noturnos de Chopin. Para surpresa do Bira, o tal lugar era um motel - e pra lá se foram, se silenciosos e o coração saindo pela boca.
Madrugada alta, espírito desarmado, Vice-Mala do Ano, todas as tensões do ano liberadas numa cama de motel, e o Bira se despediu da Si, na frente do prédio dela, e voltou pra casa.
A Nanda, sua mulher, também tinha ido a uma festa de fim de ano e ainda não havia voltado.
O Bira estava jogado no sofá, ainda viajando, relembrando todos os detalhes da noitada com a Si, quando sentiu uma batida no ombro e despertou, assustado.
"Nanda...", ele disse, como se estivesse acordando no céu, entre nuvens e querubins, ao lado da Si, naturalmente. "Tu acreditas que existe na cidade um motel onde só se toca Copin e Mozart?"
"Claro! O Motel Ametista!"
O Bira ainda procurou forças para se levantar, mas desistiu tão logo ela falou novamente:
"Ou tu conheces algum outro, Bira?
E o assunto morreu por aí.
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