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   TAILOR DINIZ
tailordiniz@terra.com.br

O Vandir e o suicídio anunciado

Sexta, 04 de janeiro de 2002


Quando se deram conta, o Vandir já estava no topo da torre companhia de telefones e de lá ameaçava se jogar a qualquer momento. Começou a juntar gente. E quanto mais gente chegava mais o Vandir acenava e ameaçava saltar.

Os bombeiros foram chamados e tiveram dificuldades para chegar ao local, tal era o número de curiosos que se aglomeravam em torno da imensa torre. E o Vandir lá em cima, ora soltando um pé, ora o outro, pronto para pular.

Um bombeiro subiu a escada e quando se aproximou viu que o Vandir não estava pra brincadeira.

"Mais um degrau e eu tô lá embaixo!", gritou para todo mundo ouvir.

O Vandir estava transtornado. Babava nos cantos da boca e revirava os olhos feito maluco. O bombeiro tentou puxar assunto, mas ele se recusava a qualquer tipo de diálogo. Uma única frase parecia fazer parte do seu repertório naquele momento de grande tensão:

"É hoje que eu me arrebento!"

Foram cinco horas de negociações e expectativa. Só que de uma hora para outra, o Vandir mudou o discurso:

"A não ser que a Fatinha me perdoe!"

Não foi difícil localizar a Fatinha e trazê-la, rapidamente, ao local da iminente tragédia. A Fatinha vinha a ser a mulher do Vandir e, para surpresa geral, não ofereceu qualquer resistência ao magnânimo gesto de perdoar o marido, seja lá o que fosse o que ele tivesse aprontado.

Quem conhecia a Fatinha, no entanto, teria percebido que se tratava apenas de uma tática para pegar o Vandir com a calça na mão. Foi o marido botar o pé em terra firme e ela veio para cima, com tudo, sem perda de tempo:

"Qué que você aprontou dessa vez, Vandir?"

Agora era o Vandir que passava a não entender mais nada:

"Ué" - disse ele, espantado. "Então não contaram nada pra você!?"

Quando a Fatinha disse que não, a primeira reação do Vandir foi tentar voltar para a torre, mas já era tarde.

O estado de espírito do Vandir, então, transitou da desolação à melancolia num curto espaço de tempo. Todo o esforço de cinco horas no topo da torre por nada. O problema maior não foi confessar ali, na frente de todo o mundo, o motivo que o levara a ameaçar se suicidar e a pedir o perdão da Fatinha O grande desconforto do Vandir, durante toda a sua narrativa, foi a inconveniência do Pitico, o primeiro curioso a chegar ao local e o mais frustrado de todos com a desistência dele de pular de cima da torre, que, incansável e persistente, interrompia a confissão para gritar:

"Graaaande bundão!"

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