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   TAILOR DINIZ
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O Homero e o piercing no umbigo


No dia do atentado ao Word Trade Center, o Homero estava muito próximo do local, tão próximo que, ao desmoronar o primeiro prédio, pedaços de concreto caíram quase sobre seus pés. Mas a idéia ele teve mesmo foi quando se deu conta de que, em função do incêndio, a maioria das pessoas que lá estavam jamais seriam encontradas.

Sua primeira atitude, depois de ter a tal idéia, foi colocar o celular no meio fio da calçada e jogar uma pedra em cima. Aliás, para se manter fiel à idéia que tivera, jogou sobre o telefone um pedaço de concreto que, logo após a queda da primeira torre, veio a cair aos seus pés enquanto ele corria rua a fora com medo de morrer soterrado.

Calhava que - o Homero veio a se lembrar disso mais tarde -, no dia anterior, ele telefonara para casa, no Brasil, e dissera que ia dedicar o dia seguinte, antes de voltar, para visitas a alguns pontos turísticos de Nova York.

"Vir a Nova York e não conhecer certos lugares ... é como ir a Roma e não ver o papa, né, amor?", disse ele para a mulher.

Para encurtar a história, o Homero andava com "alguns problemas" no Brasil e resolveu aproveitar a chance para dar o fora. Mas como todo bom malandro, o Homero tinha no Brasil um amigo de fé, de confiança, daqueles de sentar na privada e deixar a porta aberta para não interromper a conversa. E assim que a poeira baixou um pouco decidiu telefonar para o Brandão.

"Ué, você não morreu no atentado!?", berrou o Brandão, no outro lado da linha.

"Bom, muito bom!", exultou o Homero, apressando-se a explicar a história.

"E lá em casa, muita consternação?", perguntou a seguir.

"Não quero te desapontar, não! Mas só faltaram soltar foguete"...

"A sogra...", observou o Homero, tentando amaciar o impacto. "Dessa eu não esperava outra coisa..."

"Não, você não entendeu bem. Eu disse só fal-ta-ram soltar foguetes."

O Homero pensou um pouco, depois falou, referindo-se a Helena, sua mulher:

"Cretina!"

"Aliás", acrescentou o Brandão. "Botaram até piercing no umbigo..."

"Como assim, bo-ta-ram piercing no umbigo?"

"Isso mesmo, a Helena e o dona Etelvina, tua sogra, estão de piercing no umbigo."

"Pára de brincadeira, Brandão!"

"E tem mais! Os piercings foram presentes de Natal do Lazinho..."

"Que Lazinho, porra!?"

"O Evilázio..."

"Que Evilázio, porra!?"

O Brandão deu um suspiro: "O motorista, ora!"

"Que motorista, cara!?"

O Brandão não perdia a paciência
"É como elas apresentam o Lazinho: motorista da família... Mas, pelo que entendi, o cara também está encaminhando os papéis sobre a indenização pela tua morte."

"Chega!" - gritou o Homero, interrompendo a ligação na cara do Brandão.

Largou o telefone na base e sem perder tempo começou a arrumar as malas para voltar ao Brasil. A mulher e a sogra de piercings no umbigo; os piercings presente de um sujeito chamado Evilázio, cujo apelido é Lazinho, que elas apresentam como motorista da família e que, ainda por cima, estava encaminhando os papéis para a indenização era demais para o gosto do Homero!

"Impossível me manter morto numa situação dessas!" - ponderou ele enquanto chamava um táxi que o levasse rapidamente ao aeroporto.

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