A vida conjugal do Dr. Denair e da dona Mimi correu harmoniosa até o dia em que ele apareceu em casa com um confete no umbigo.Inimigo ferrenho do Carnaval, o Dr. Denair trabalhava duro da sexta à quarta-feira de cinzas. Só se permitia uma trégua para repor as energias, a cada manhã, quando vinha em casa saborear um caldinho de peito de frango, preparado pela dona Mimi, com a dedicação de mulher exemplar que sempre fora até ali.
Calor de rachar, o Dr. Denair tomou seis terrinas de sopa e decidiu trocar a camisa suada. Foi aí que a dona Mimi percebeu a presença do confete no umbigo dele e veio pra cima. O Dr. Denair olhou para a própria barriga, espantado:
"Que confete!?", quis saber.
"Esse aí, dentro do teu umbigo!", gritou ela, avançando dois passos.
O Dr. Denair titubeou por instantes, quase entregou o jogo, mas logo recuperou a fleuma:
"Você tem razão!", disse ele, retirando o confete do umbigo, um ar forçado de indignação lhe aflorando no semblante. "Isso não passa de uma odiosa armação! Alguém colocou esse confete no meu umbigo, Mimi!"
O Dr. Denair deu um bufo e correu para o telefone:
"Isso é coisa do Renatinho, só pode! Ah, mas ele me paga! Vou telefonar pro Renatinho agora mesmo!"
"Você não vai telefonar pro Renatinho coisa nenhuma! Pega as tuas tralhas e some da minha vida, seu pilantra!"
"Por causa de um simples confete, Mimi?"
"Por causa da tua cara de pau! E mesmo que você esteja falando a verdade, nem quero imaginar como é que o Renatinho colocou esse confete no teu umbigo sem o teu conhecimento. Adeus, Dr. Denair! E passe bem..."
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