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    MARIANA DIEHL BANDARRA
mariana.bandarra@terra.com.br

Amor, Cruel Amor

Sexta, 03 de maio de 2002, 22h53



A noite era clara em poças turvas de lama. Luminosos piscando enfeitavam a calçada molhada. Belas mulheres em outdoors de cerveja olhavam libidinosas trespassando a lua cheia.

– Me zzeixa, mulher...eu conzzigo muizzo bem andar zzozzinho.

Dois passos cambaleantes e Bento caiu no chão de pedrinhas coloridas. O rosto transfigurado mergulhado na lama. Ana Rosa abaixou-se para socorrê-lo.

– Zzai! me zzeixa em paz! – ele xingou, enquanto tentava sem sucesso erguer o rosto, um olho fechado. Após um instante de concentração
Bento deixou cair a cabeça sonoramente com um splash. Tranqüilo sob a marquise, começou a ressonar.

– Bentinho, meu amor, levanta daí. – Ana Rosa balbuciou, virginal em
seu vestidinho branco.

Ana Rosa tinha olhos tristes e apaixonados, e corria seus dedos longos e pálidos pelo cabelo sebento e enlameado do amado. No entanto, ela lembrava ainda de tudo que a fizera amá-lo. Sorriu, os olhos aguados como um caleidoscópio de neon.

Nívea Noivas, lia-se no rosa e azul do luminoso. Só então Ana notou a vitrine decorada e os manequins vestidos de branco sobre os dois.

Bento rolou, ajeitando-se confortavelmente e sujando a outra metade do rosto. Ana Rosa, então, deitou-se ao lado dele – corpos colados – e puxou o braço pesado de Bento sobre si. Com um suspiro, ela fechou os olhos apertados.

A Nívea Noivas vende e aluga vestidos e ternos a preços módicos.

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