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    EMILIANO URBIM
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Publicidade e propaganda

Segunda, 17 de junho de 2002, 15h58



Dudu e seus amigos no comercial da Skol me divertem sempre. Para quem não viu ou não lembra, é aquele em que um grupo de caras está na frente da televisão esperando o jogo do Brasil e um gordinho surge trazendo whisky para o pessoal. Todos estranham (eles querem cerveja!), levantam e vão embora. Falando assim parece um troço simplório, e talvez seja, mas o sotaque carioca - "uíxqui, Dudu?" - e a expressividade dos personagens me diverte. Sim, eu ando vendo muita TV.

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Tem também aquele da Luana Piovani trabalhando de atendente de telefone no Itaú. Eu já estive no Itaú, em vários Itaús, e em vários outros bancos também, e não tinha ninguém parecido com a Luana Piovani em nenhum dos lados do balcão. Aliás, mesmo que um dia a Luana Piovani batesse com a cabeça no azulejo depois de tropeçar tomando banho enquanto se apressa para atender o meu telefonema, e acordasse louca de vontade de trabalhar no Itaú, que estúpido colocaria ela atendendo telefone? É a Luana Piovani trabalhando no teu banco! Bota a mulher na porta da agência. Ia encher de desocupado querendo abrir conta.

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Outro é aquele da Brahma, da tartaruga com camisa do Brasil. Ela faz embaixadinha, ela faz gestos obscenos para a torcida, ela desafia um sushiman muito azarado, ela brinca e se diverte. Mas como é que ela consegue por aquela camiseta ENTRE o corpo e o casco? Deve doer horrores. Pobre cágado.

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Tem aquele muito bonito da Coca-Cola com a torcida vibrando e o Tony Garrido cantando. Tudo muito verde, amarelo e vermelho, o Brasil inteiro comemorando, e pá, e coisa, mas porque todo mundo está com garrafinhas de 600 ml fechadas na mão? Estão guardando para depois? Querem sacudir bastante para espirrar refrigerantes uns nos outros? Vão trocar pelo "uísqui" do Dudu?

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Bah! E tem aquele de Aspirina, muito Além da Imaginação. É assim: tem um sujeito no escritório reclamando de dor, dor mesmo, não dor de cabeça, aí o outro cara diz para ele tomar uma aspirina. "Aspirina para qualquer tipo de dor?" "É, vai por mim", ou alguma coisa assim, mais um libelo pela auto-medicação. Vem então a parte "séria" do comercial, a aspirina, a embalagem, o copo com água e volta para os dois caras. "Funcionou mesmo, como você sabia?" "Ah, eu vi um comercial com um sujeito no escritório reclamando de dor..." E aparece uma TV mostrando a primeira cena do comercial. AAAAAAAAAAAAAAAA!!! Socorro!!! Pára tudo!!! AAAAAAAAAAA!!! Aberração!!! Ruptura!!! Dandariema plus!!!

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E o do Polo, da Fiat? O carro cuja maior virtude é ter faróis dianteiros que imitam os de um BMW. Tipo, o cara vai de noite na garagem, olha com o cantinho do olho e vê um cantinho de BMW e dorme feliz no seu cantinho da cama.

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Em outro comercial batedores que acompanham uma limusine desviam suas motocicletas para fazer cortejo a um Polo que transita pelas ruas vazias de Brasília. O cara do Polo se apavora, manda a mulher ver se os documentos estão no veículo. Sim, e muitíssimo mais apavorado deve estar o cara da limusine, que há dez segundos era escoltado por uma dúzia de motoqueiros e agora está ali sozinho, a mercê do primeiro seqüestrador de embaixador que aparecer. É muita irresponsabilidade, eu botava todo mundo na rua antes que um deles pudesse dizer "alcaparras".

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Ah, e aquela obra-prima do vandalismo da Mastercard! Um baixinho bigodudo de amarelo e um grandalhão careca de vermelho travam uma disputa em uma cidade que parece ser espanhola, por que eu não sei, mas parece. Os dois têm torcida organizada, e através de piruetas a la Matrix jogam a bola um para o outro. Ganha quem? Ganha quem? Quem quebra a vidraça do oponente! Uniforme, tantos pila; mascote, tantos pila; bola, tantos pila; cometer um ato bárbaro de depredação da propriedade alheia, não tem preço. E o pior é que sai todo mundo comemorando, tipo, é quebra tudo mesmo, abaixo as vidraças. Hoje mesmo eu já vi um vidro quebrado no caminho de casa para a parada de ônibus. Começa assim.

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De volta Dudu e seus amigos. Se você reparar bem, os amigos do Dudu são os mesmos caras dos comerciais anteriores da Skol, aquele em que todo mundo estava em um bar e uma voz dizia algo como "legal é torcer para o Brasil, mas se você quiser pode torcer para o México, a Rússia, a França" e aí mostrava um sujeito sozinho se engasgando com tequila e vodka e ficando efeminado com champanhe. Tipo, no ano novo todo mundo vira puto, então? Mas enfim, o meu ponto não é esse. O meu ponto é que apesar do comercial do Dudu ter aparecido depois da série xenófoba, cronologicamente, no "universo Skol", ele se passa antes. Os caras ficaram brabos com o "uísqui" do Dudu e foram para o bar fazer piadas com torcedores de outros países, sendo a primeira mostrada no final do comercial, "Dudu, vai torcer para a Escócia!". É como a saga Star Wars, primeiro o meio, depois o início. Como será o fim? Será que Darth Dudu vai para o lado negro da Força? Um comercial de Natu Nobilis, no caso.

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