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Por que os atletas do salto em distância não saltam a 45 graus para ir mais longe?

O salto em distância é equivalente ao lançamento de um objeto, e sabemos do ensino médio que, se você quiser jogar uma coisa bem longe, deve lançá-la em uma direção inclinada

22 ago 2024 - 10h44
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A atleta Carmen Ramos no salto em distância durante a Copa dos Clubes Campeões Europeus de Atletismo Juniores em 2015 em Istambul: atingir o ângulo ideal de lançamento com um impulso de uma só perna é impossível Evren Kalinbacak/Unlimphotos
A atleta Carmen Ramos no salto em distância durante a Copa dos Clubes Campeões Europeus de Atletismo Juniores em 2015 em Istambul: atingir o ângulo ideal de lançamento com um impulso de uma só perna é impossível Evren Kalinbacak/Unlimphotos
Foto: The Conversation

As Olimpíadas de Paris acabaram, mas a curiosidade sobre as provas continua. Uma delas envolve o salto em distância. Aprendemos no ensino médio que se você quiser jogar uma coisa bem longe - uma pedra, por exemplo - deve lançá-la em uma direção inclinada, formando um ângulo de aproximadamente 45 graus com o chão.

O salto em distância é equivalente ao lançamento de um objeto. No caso, o corpo do atleta. Se podemos desprezar a resistência do ar, podemos considerar que o centro de massa do corpo de quem salta faz uma trajetória parabólica igual à de uma pedra lançada com a mesma velocidade e segundo o mesmo ângulo.

Portanto, para atingir maiores distâncias, atletas que se dedicam a esta modalidade deveriam se lançar ao ar com uma velocidade de seu centro de massa formando um ângulo próximo a 45 graus relativo ao chão. Mas não é isso que ocorre. O ângulo do salto costuma ser bem menor, com o centro de massa do atleta geralmente formando um ângulo da ordem de 20 graus com a horizontal.

Isso acontece porque, para que a decolagem ocorresse a 45 graus, o atleta deveria saltar com uma velocidade vertical igual à velocidade horizontal. E isso exigiria um enorme impulso vertical com a perna no exato momento da decolagem.

Os atletas, porém, não conseguem fazer isso. Afinal, para ganhar a velocidade horizontal com que chegam à linha na qual fazem o salto, foram necessários cerca de 20 passos em uma corrida de cerca de 40 metros. Impossível ganhar essa mesma velocidade em uma direção vertical com apenas um empurrão com uma única perna.

A velocidade conta muito

Isso que foi descrito é apenas uma simplificação de tudo o que ocorre em um salto em distância. Físicos, engenheiros e, especialmente, treinadores esportivos estudam detalhadamente cada uma das fases do salto: a corrida, as duas últimas passadas, a decolagem, as componentes da força na impulsão, o voo e o pouso. E atletas se esforçam muito para colocar em prática os resultados desses estudos em busca do melhor desempenho possível.

Dentro de tudo isso, a corrida é, evidentemente, essencial. Quanto maior a velocidade horizontal no instante do salto, maior será a distância saltada. Isso faz com que atletas que se dedicam a essa modalidade e às corridas curtas tenham perfis físicos parecidos. Ambos os esportes dependem do mesmo tipo de fibra muscular, de contração rápida, capazes de propiciar uma grande quantidade de energia em um tempo curto. Assim, muitos atletas que se dedicam às corridas curtas, como os 100m rasos, também apresentam bons desempenhos nos saltos em distância. Um dos mais conhecidos é o americano Carl Lewis, ganhador de nove medalhas olímpicas de ouro e recordista nas duas modalidades entre os anos 1980 e 1990.

Outro aspecto interessante que une as modalidades dos 100m rasos e o salto em distância é o instante no qual a velocidade dos atletas é máxima: ambos ocorrem aproximadamente 40 metros depois de iniciada a corrida. Nesse ponto, os velocistas lutam para não desacelerar, gastando a energia restante de seus músculos para manter o sobe e desce de seu centro de massa e arrastar o ar a sua frente. Já nos saltos em distância, os atletas atingem a maior velocidade ao fim da corrida e usam a energia restante nos músculos para dar o impulso final que os lança no ar.

Se quiser algumas informações adicionais, há vários trabalhos publicados sobre o assunto. Outro artigo, este em publicação aberta, está aqui.

The Conversation
The Conversation
Foto: The Conversation

Otaviano Helene não presta consultoria, trabalha, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa ou organização que poderia se beneficiar com a publicação deste artigo e não revelou nenhum vínculo relevante além de seu cargo acadêmico.

The Conversation Este artigo foi publicado no The Conversation Brasil e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons
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