Ciclone mata três no RS e em SP e deixa milhares sem energia
Mudanças climáticas, turbinadas este ano pelo El Niño, têm tornado eventos extremos mais frequentes também no Brasil.
O terceiro ciclone extratropical a atingir o Brasil em menos de um mês provocou a morte de três pessoas e deixou um rastro de destruição em dezenas de municípios, forçando 604 pessoas a saírem de suas casas no Rio Grande do Sul, região mais atingida pelos fortes temporais desde quarta-feira (12), onde foram registradas rajadas de vento de até 140 km/h e chuva de granizo.
Imagem aérea da cidade de São Leopoldo, inundada após ciclone que passou pelo Rio Grande do Sul em junho
(Foto: Diego Vara-REUTERS)
Segundo meteorologistas, os impactos do ciclone devem ser sentidos até o fim de semana, já que os danos deixaram muitas áreas de instabilidade e estruturas comprometidas.
No município gaúcho de Rio Grande, um idoso morreu ao ter sua casa atingida por uma árvore. Já no litoral paulista, em Intanhaém, uma idosa foi eletrocutada fatalmente por fios derrubados pela queda de galhos. Em São José dos Campos, interior de São Paulo, outra mulher morreu atingida por um tronco de árvore.
Em toda a Região Sul do país, mais de um milhão de pessoas ficaram sem energia elétrica. Os fortes ventos também levaram à suspensão de voos no aeroporto de Florianópolis por quase 24 horas e atrapalharam aterrissagens nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, na capital paulista. Portos no Sul e Sudeste também tiveram seu funcionamento impactado. Já na Serra do Mar, no Paraná, turistas ficaram presos por 10 horas em um trem.
Outros eventos
Na semana anterior, chuvas intensas na Região Nordeste forçaram 27 mil a deixarem suas casas por causa da chuva em Alagoas e Pernambuco.
Há cerca de um mês, outro ciclone trouxe volumes imensos de chuva ao Rio Grande do Sul, matando 16 pessoas em oito municípios e deixando pelo menos 16,1 mil desabrigados ou desalojados - episódio classificado pelo governo estadual como o desastre climático mais trágico da história.
Por que ciclones extratropicais estão se tornando mais frequentes?
Embora sejam comuns nesta época do ano - sobretudo quando há influência do fenômeno El Niño, quando o aquecimento anormal das águas no Pacífico Equatorial leva a secas prolongadas no Norte e Nordeste e chuvas intensas e volumosas no Sul -, ciclones extratropicais estão se tornando mais frequentes. Especialistas atribuem isso às mudanças climáticas, com a elevação das temperaturas globais, o derretimento do gelo dos polos terrestres e padrões climáticos mais instáveis.
Enquanto a Região Sul registrou o seu terceiro ciclone extratropical em menos de um mês, uma seca de proporções históricas assola Montevidéu, capital do Uruguai, país vizinho ao Rio Grande do Sul.
Outros lugares do globo também sofrem com eventos climáticos extremos e o aumento das temperaturas, que têm batido recordes seguidos.
Estudo publicado recentemente pela revista Nature Medicine apontou que só na Europa o calor teria ceifado mais de 61 mil vidas no verão de 2022 no Hemisfério Norte.
Este conteúdo é uma obra originalmente publicada pela agência alemã DW. A opinião exposta pela publicação não reflete ou representa a opinião deste portal ou de seus colaboradores.