Primeiro projeto apresentado na Câmara trata da Bíblia
Pastor Sargento Isidório, do Avante, sugere transformar o livro sagrado em 'patrimônio nacional' do Brasil; outras 415 propostas foram inscritas
Evangélico e com origem na Polícia Militar, o deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) foi o primeiro parlamentar a protocolar um projeto de lei da nova legislatura na Câmara. O tema: "declarar a Bíblia Sagrada como patrimônio nacional, cultural e imaterial do Brasil". Ele disse que "a palavra de Deus" o ajudou a deixar de ser homossexual. "Como ex-gay, posso dizer: eu sou curado", afirmou.
O parlamentar havia sido o segundo a chegar à seção de protocolo da Câmara ontem. A ideia de homenagear a Bíblia sensibilizou a primeira da fila, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que deu a vez ao colega.
"Eu vivi no alcoolismo, sou policial militar há 38 anos. Assim que entrei com 18 anos na PM, foi aquilo: revólver na cintura, beber, ficar bonito, namorar. Só que veio o alcoolismo, depois as drogas, aí perdi a dignidade. Fui planejar assalto, virei homossexual. Aí conheci Jesus", afirmou Isidoro, hoje com 56 anos.
Essa não foi a única proposta elaborada pelo deputado Pastor Sargento, que também protocolou projeto para "proibir o uso o nome e/ou título BÍBLIA ou BÍBLIA SAGRADA em qualquer publicação impressa e/ou eletrônica com conteúdo (livros, capítulos e versículos) diferente do já consagrado há milênios pelas diversas religiões cristãs (católicas, evangélicas e outras que se orientam por este livro)."
A razão é evitar que militantes do movimento LGBT criem o que ele chama de "Bíblia gay". "Meu amigo, se passar a Bíblia gay, acabou. Aí cada um com seu pecado. Vai passar a Bíblia do pedófilo, da zoofilia, dos corruptos. Isso é muito sério", afirmou.
Segundo ele, o passado homossexual começou por causa de um abuso, praticado pelo primo de sua mãe e dentro de sua própria casa, ainda quando era criança. A partir daí ficaram os "reflexos" que ele só conseguiu interromper quando tinha 32 anos. Agora, o deputado diz ter família e filhos, mas crítica quem não respeita os gays, diz até ter "amigos que são".
"Tenho amizades (com gays), conheço autoridades de todos os poderes que são homossexuais, mas que respeitam. Você conviver e respeitar é obrigação, agora todo mundo é gay? Aí não. O Brasil tem gay, agora eles precisam respeitar os héteros também. Sou exemplo disso, sou casado, tenho filhos. Fui homossexual até o dia que aceitei Jesus", disse.
A proximidade do parlamentar com o livro cristão também foi percebido por quem acompanhou a cerimônia de abertura do Congresso. Durante todos os discursos, o deputado permaneceu com o braço levantado para erguer a Bíblia acima da cabeça dos presentes. Apesar disso, ele afirma que não integrará a bancada da Bíblia. "Eu não serei nem da bancada da bala, nem da bancada evangélica. Eu vou criar aqui, mesmo que seja eu sozinho, a bancada da paz: a bancada que para, ouve todo mundo e dá um conselho. Todo mundo precisa ser ouvido", afirmou.
A proximidade do parlamentar com o livro cristão também foi percebido por quem acompanhou a cerimônia de abertura do Congresso. Durante os discursos da sessão, o deputado permaneceu com o braço levantado para erguer a Bíblia acima da cabeça de todos presentes. Apesar disso, ele afirma que não integrará a bancada da Bíblia. "Eu não serei nem da bancada da bala, nem da bancada evangélica. Eu vou criar aqui, mesmo que seja eu sozinho, a bancada da paz: a bancada que para, ouve todo mundo e dá um conselho. Todo mundo precisa ser ouvido", disse.
Essa não foi a única proposta elaborada pelo deputado, que propôs ainda "proibir o uso do nome e/ou título Bíblia ou Bíblia Sagrada em qualquer publicação impressa e/ou eletrônica com conteúdo (livros, capítulos e versículos) diferente do já consagrado há milênios pelas diversas religiões cristãs". Ao todo, 415 propostas foram protocoladas nesta segunda-feira.
CPIs. Durante a manhã, a movimentação era intensa na Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, onde são protocolados os projetos de lei que tramitam na Câmara. Ao menos cinco deputados do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, estavam no local para pedir a abertura de comissões parlamentares de inquéritos (CPIs).
A estratégia do PSL é fazer uma série de pedidos e evitar que a oposição use essa ferramenta contra o governo. O regulamente da Câmara só permite que um número limitado de CPIs fiquem abertas ao mesmo tempo.