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Prisão divide CPI da Covid, mas senadores negam racha na comissão

Omar Aziz foi criticado por ter dado ordem de prisão após ignorar os apelos pela mesma postura no caso de outras testemunhas e investigados ouvidos na comissão

7 jul 2021 - 20h41
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BRASÍLIA - A prisão do ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias dividiu os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e provocou críticas até entre membros da oposição e independentes. Apesar da avaliação, senadores negam um "racha" na comissão após ordem do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

Omar Aziz foi criticado por ter dado ordem de prisão após ignorar os apelos pela mesma postura no caso de outras testemunhas e investigados ouvidos na comissão, entre eles o ex-ministro Eduardo Pazuello, o ex-secretário de Comunicação Social Fabio Wajngarten e o policial militar Luiz Paulo Dominghetti Pereira, que acusou Roberto Dias de pedir propina na aquisição de vacinas contra a covid-19.

Roberto Ferreira Dias e o senador Omar Aziz (PSD-AM) em sessão da CPI da Covid.
Roberto Ferreira Dias e o senador Omar Aziz (PSD-AM) em sessão da CPI da Covid.
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado / Estadão

Após a decisão, senadores questionaram a ordem de Aziz. "O presidente da CPI tem autonomia para decretar a prisão do depoente por falso testemunho e isso deve ser respeitado, mas questiono a falta de isonomia na decisão. Dias não foi o primeiro a mentir flagrantemente na comissão. É importante manter o foco: são mais de 525 mil mortos", disse o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

Aziz, porém, manteve a ordem. Parlamentares avaliaram que a decisão serve como um recado para testemunhas e investigados que serão ouvidos a partir de agora. A CPI deve avançar na investigação de um suposto esquema de corrupção no governo do presidente Jair Bolsonaro. Roberto Dias é apontado como um elo importante da apuração, apesar de ter negado articulação para compra das vacinas. "Ele vai estar detido agora pelo Brasil, porque nós estamos aqui pelo Brasil, pelos que morreram. Nós não estamos aqui brincando, não, de ouvir historinha de servidor que pediu propina", disse Aziz ao manter a decisão e encerrar a sessão. "Pode levar", afirmou o senador aos policiais do Senado.

O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a prisão não causa nenhum racha no colegiado. Randolfe foi um dos parlamentares que tentaram evitar a detenção de Dias, decidida pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM). "O grupo majoritário que dirige essa CPI está unido por algo muito maior: apurar as responsabilidades de mais de meio milhão de brasileiros mortos", afirmou. "Espero que tenha sido didático", disse Randolfe. O senador Humberto Costa (PT-PE) declarou que, concordando ou não, o grupo se solidariza com a decisão de Omar Aziz. "Ele (Aziz) já vinha dizendo que a paciência estava esgotando porque o número de pessoas que vieram e faltaram com a verdade, especialmente no dia de hoje, é muito grande. Com isso, o presidente dá uma espécie de freio de arrumação", disse.

No plenário do Senado, parlamentares da base governista se insurgiram contra a ordem de prisão e pediram a suspensão. Eles alegaram que a decisão de Aziz não tem validade, já que o regimento determina que as comissões, temporárias ou permanentes, tenham os trabalhos suspensos quando tem início a ordem do dia no plenário. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), sinalizou para o risco de a decisão da CPI ser derrubada. "É preciso interromper o trabalho das comissões enquanto houver a Ordem do Dia no plenário do Senado Federal, sob pena de nulidade dos atos praticados nas comissões", afirmou Pacheco logo após a ordem de prisão.

Estadão
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