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Projeto 2025: Trump vai seguir o plano da ultradireita conservadora na Casa Branca?

30 dez 2024 - 07h52
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O presidente eleito dos EUA se distanciou do manifesto de ultradireita no passado. Agora, vários autores e colaboradores do documento devem compor seu governo.O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, ainda não assumiu a Casa Branca, mas já enfrenta uma série de controvérsias em torno de sua nova administração.

Presidente eleito dos EUA, Donald Trump criticou o Projeto 2025, mas convidou autores de plano de governo da ultradireita para fazerem parte seu governo
Presidente eleito dos EUA, Donald Trump criticou o Projeto 2025, mas convidou autores de plano de governo da ultradireita para fazerem parte seu governo
Foto: DW / Deutsche Welle

Isso porque vários nomes escolhidos por ele para fazer parte de seu gabinete provocaram discussões acaloradas no Capitólio e na mídia americana. Críticos dizem que os cargos são distribuídos com base na proximidade com Trump, e não no conhecimento técnico.

Além disso, vários nomeados pelo presidente eleito têm conexões com o "Projeto 2025", um manifesto ultraconservador para o futuro dos Estados Unidos publicado pela Heritage Foundation, um think tank com sede em Washington, D.C.

O plano polêmico traça metas em "quatro frentes que decidirão o futuro da América": restauração da família, a abolição do Estado administrativo, a defesa da soberania nacional e a garantia "das nossas liberdades individuais dadas por Deus".

As ações incluem a redução do tamanho da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), a supressão de referências à mudança climática nos documentos do governo, a admissão de menos refugiados e a limitação do direito ao aborto.

"O relatório de 900 páginas estabelece políticas que se baseiam em uma visão social muito conservadora", analisa Stormy-Annika Mildner, diretora-executiva do Aspen Institute Germany, um think tank com sede em Berlim. "Muitas das propostas querem expandir o poder do presidente".

Trump se distanciou do texto após polêmica

Durante a campanha eleitoral de 2024 nos EUA, Donald Trump disse não ter relação com o manifesto produzido por expoentes da ultradireita americana. "Não sei nada sobre o Projeto 2025", escreveu em sua rede social, Truth Social. "Discordo de algumas das coisas que eles estão dizendo, e algumas das coisas que eles estão dizendo são absolutamente ridículas."

Após a vitória nas urnas, a equipe de Trump continuou a enfatizar a distância entre o novo presidente e o manifesto de ultradireita.

"O presidente Trump nunca teve nada a ver com o Projeto 2025", disse a nova chefe da assessoria de imprensa do republicano, Karoline Leavitt, segundo a agência de notícias AP. "Todos os indicados e nomeados estão comprometidos de todo o coração com a agenda do presidente Trump, não com a agenda de grupos externos."

Nomeados são autores do manifesto

No entanto, várias pessoas envolvidas com o manifesto estão na lista de futuros funcionários de Trump para seu novo governo.

Russell Vought, por exemplo, é a escolha de Trump para diretor do Escritório de Gestão e Orçamento (OMB, da sigla em inglês), um cargo de influência que precisará do endosso do Senado.

O diretor do OMB é responsável por preparar o Orçamento proposto pelo presidente e implementar a agenda do governo em todos os órgãos.

Vought escreveu um capítulo do Projeto 2025 sobre a autoridade presidencial — cuja ampliação ele defende. Ele chegou a citar que o OMB, que pode vir a chefiar, tem papel crucial para que isso aconteça.

"O diretor deve ver seu trabalho como a melhor e mais abrangente representação da mente do presidente", escreveu Vought. O Escritório de Gestão e Orçamento, segundo ele, "é o sistema de controle de tráfego aéreo do presidente" e deve estar "envolvido em todos os aspectos do processo político da Casa Branca". Idealmente, continuou Vought, ele se tornaria "poderoso o suficiente para se sobrepor às burocracias das agências".

Vought não é o único autor do Projeto 2025 que em breve poderá fazer parte do governo dos EUA.

Brendan Carr foi nomeado por Trump para presidir a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês), um cargo que não requer confirmação do Senado.

Ele é justamente o autor do capítulo do Projeto 2025 sobre a FCC. No texto, Carr pede a limitação da imunidade que as plataformas de tecnologia têm em relação ao conteúdo publicado por terceiros. Isso significa que o YouTube, por exemplo, poderia ser responsabilizado por um vídeo carregado por um usuário e que incluísse conteúdo que violasse a lei.

'Grandes chances' de Trump implementar o Projeto 2025

Outros colaboradores do Projeto 2025 que Trump quer ter em seu governo incluem a assessora de imprensa Karoline Leavitt, que aparece em cursos do Projeto 2025 para conservadores interessados em empregos em uma presidência de direita, e Thomas Homan, o futuro "czar da fronteira" de Trump, que está listado como colaborador do Projeto 2025 e foi bolsista visitante da Heritage Foundation.

Com tantas conexões entre o futuro governo de Trump e a equipe do Projeto 2025, parece improvável que o novo presidente não queira implementar pelo menos algumas das políticas mencionadas no manifesto.

Trump poderia contornar o processo de confirmação do Senado?

Embaixadores, secretários de gabinete e indicados para cargos como o de Vought normalmente precisam passar pelo crivo do Senado dos EUA, onde os republicanos detêm uma pequena maioria de 53 assentos contra 47 dos democratas.

No entanto, isso não é garantia de aprovação imediata, já que alguns senadores já se mostraram contrários a algumas indicações de Trump. É o caso de Matt Gaetz, indicado pelo republicano para Procurador-Geral, mas que desistiu do cargo após indicações de que seu nome seria barrado mesmo por colegas de partido.

Mas há uma maneira de contornar o Senado. Pela lei americana, Trump poderia fazer as chamadas "nomeações de recesso", em que ele indica membros quando o Congresso não está reunido, em um período de férias, por exemplo. Ele já pediu aos republicanos que aprovem esta proposta de contornar a legislação.

"A discussão é se o Senado entrará em recesso para permitir que o presidente nomeie seu gabinete sem estar sujeito à aprovação do Senado", disse Nolan McCarty, professor de política e assuntos públicos da Universidade de Princeton, à DW.

"Nunca tivemos uma situação em que as nomeações de recesso fossem usadas de forma tão ampla. Normalmente, elas são usadas para uma ou duas nomeações aqui e ali, mas ter uma administração inteira composta por pessoas com nomeações de recesso seria preocupante."

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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