Script = https://s1.trrsf.com/update-1731945833/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

PT vai pedir federalização de investigação da morte do tesoureiro do partido em Foz do Iguaçu

Decisão foi debatida durante encontro do conselho político da campanha federal; segundo Gleise, Lula disse que o assassinato é fato inédito nas campanhas políticas

11 jul 2022 - 12h30
(atualizado às 14h52)
Compartilhar
Exibir comentários

O PT vai pedir a federalização da investigação sobre o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, que era tesoureiro do partido em Foz do Iguaçu (PR). O tema foi discutido e aprovado pelo conselho político da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se reuniu nesta manhã em São Paulo.

O encontro já estava agendado, mas a questão da violência política a menos de três meses da eleição entrou no centro do debate após Arruda ter sido morto, neste fim de semana, ao comemorar um aniversário com a temática PT e ter a festa invadida por um apoiador de Bolsonaro.

Ao deixar a reunião, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, confirmou o encaminhamento de um pedido à PGR pela federalização do caso. O partido também deve procurar o TSE para que seja feita uma campanha mais forte contra a violência nas eleições.

"Não é um crime de briga de vizinhos, como diz o presidente (Jair Bolsonaro). Isso implica em uma questão política e não é isolado. Nós estamos sendo vítimas da violência política no Brasil desde 2017 e 18. Então, queremos que a União tome conta disso para que a gente possa fazer um enfrentamento de fato dessa questão", diz.

De acordo com a petista, o pedido de federalização não se dá por desconfiança em relação à Polícia Civil. "Não é em relação à Polícia do Paraná. É em relação à gravidade do crime. Achamos que não pode ser investigado como um crime comum. Estamos dizendo que esse é um fato político que motivou isso, e que não é isolado".

Segundo Gleisi, durante a reunião, o ex-presidente Lula disse que nunca houve "uma situação dessas em campanhas políticas no Brasil". "De que isso é é um fato novo, que vem exatamente com a extrema direita, com o fascismo, que quer atuar na violência. E que nós temos que fazer esse enfrentamento levando à paz, o amor,  fazendo um movimento da sociedade sem recuar dos nossos movimentos", relata Gleisi, sobre a fala de Lula.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, presta as últimas homenagens ao líder do PT em Foz do Iguaçu Marcelo Arruda, durante seu velório no dia 10 de julho de 2022 Foto: CHRISTIAN RIZZI / AFP

A possibilidade de federalizar a investigação surgiu diante da notícia de que a delegada que até então conduzia o caso, Iane Cardoso, fez publicação contra petistas em suas redes sociais em 2017. Na manhã desta segunda-feira, no entanto, o governo do Estado do Paraná retirou Iane Cardoso da condução do caso. O crime será investigado agora pela delegada Camila Cecconello.

No encontro, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o partido iniciou a campanha com força, demonstrada pelas pesquisas, e que, ao notar isso, o bolsonarismo abriu uma "guerra suja". Entre petistas, o clima é de desconfiança com a Polícia Civil para investigar o caso. Eles dizem que a falta de andamento do atentado à caravana do ex-presidente Lula no Paraná, em 2018, é uma das razões para a desconfiança. O PT acredita que existe uma escalada de atentados da extrema-direita desde a última disputa presidencial e, internamente, o partido criou neste ano uma comissão sobre violência política.

O incidente de deslocamento de competência (IDC), nome técnico para a federalização, permite a transferência de uma apuração para a Justiça Federal, nos casos em que existir grave violação de direitos humanos, o País correr risco de descumprir obrigações assumidas em tratados de direitos humanos e as autoridades locais forem incapazes de responder efetivamente sobre o crime.

Leia também:

As concessões de IDC dependem de solicitação do procurador-geral da República e de decisão do Superior Tribunal de Justiça. Na prática, o PT discute fazer um ofício com a solicitação ao atual procurador-geral, Augusto Aras, um aliado do presidente Bolsonaro, de quem dependeria a provocação ao STJ. O caso está sendo analisado pelos advogados do partido.

São raros os pedidos de deslocamento de competência e mais raras ainda as concessões. Em 2019, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu a federalização da investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O STJ negou a solicitação e manteve a investigação sob a Justiça estadual, da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Estavam reunidos nesta manhã o próprio Lula, Gleisi, o ex-governador e pré-candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), presidentes e lideranças dos demais partidos da coligação (Rede, PSOL, PCdoB, PV e Solidariedade) e integrantes do comando da campanha petista, como os ex-governadores Wellington Dias e Márcio França, o prefeito Edinho Silva, o deputado Rui Falcão, e o líder de movimento por moradia, Guilherme Boulos.

A reunião começou com um minuto de silêncio entre os presentes. Ontem, Lula ligou para a esposa de Marcelo Arruda para prestar solidariedade. Nas redes sociais, o ex-presidente prestou condolências aos amigos e familiares do guarda municipal morto e pediu compreensão e solidariedade também à família de Jorge Guaranho, que atirou contra Arruda. Lula criticou o "discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável".

A segurança do ex-presidente é uma preocupação crescente do comando da campanha de Lula. O risco de violência política no período eleitoral tem deixado aliados do petista em alerta, especialmente após uma série de episódios direcionados à pré-campanha de Lula. É o caso da explosão de uma bomba caseira lançada em ato em ato no Rio de Janeiro, do despejo de um "líquido malcheiroso" através de drone em petistas que participavam de evento em Belo Horizonte e da invasão de uma reunião da campanha por um militante bolsonarista. O jornal Folha de S. Paulo noticiou que a Polícia Federal irá antecipar e reforçar o aparato de segurança de Lula a partir do dia 21, quando o PT oficializa o ex-presidente como candidato ao Planalto em convenção nacional.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade