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Quais são as diferenças entre o Natal católico e o ortodoxo?

Após o Cisma do Oriente, no século XI, as duas igrejas seguiram caminhos diferentes, mas com ritos muito semelhantes. No entanto, a data do Natal tem a ver com eventos fora do divino: o fim da Primeira Guerra Mundial e a criação da União Soviética.

24 dez 2019 - 11h34
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Há muitas igrejas cristãs no mundo, de acordo com as diferentes crenças: católicos, evangélicos, anglicanos, pentecostais, protestantes, mórmons, ortodoxos...

Hoje existem cerca de 41 mil denominações e organizações cristãs no mundo, que compartilham uma série de crenças baseadas na figura de Jesus Cristo, de acordo com o Centro para o Estudo do Cristianismo Global (CSGC, na sigla em inglês). No total, reúnem cerca de 2,4 bilhões de adeptos.

Para muitas dessas igrejas, como a católica ou a protestante (as que têm o maior número de fiéis do mundo), a celebração do Natal — uma das principais em seu calendário — é no dia 25 de dezembro.

Outros, como as Testemunhas de Jeová, simplesmente não comemoram o Natal.

E o que mais chama atenção é a Igreja Ortodoxa, que compartilha com os dois maiores grupos do cristianismo grande parte da doutrina, fé e ritos. O Natal da maioria dos ortodoxos, no entanto, é comemorado no dia 7 de janeiro.

Por que?

Nas cidades onde a religião ortodoxa predomina, crianças e adultos saem às ruas para se reunir no dia de Natal.
Nas cidades onde a religião ortodoxa predomina, crianças e adultos saem às ruas para se reunir no dia de Natal.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Na verdade, nós, ortodoxos celebramos o Natal em 25 de dezembro, mas seguindo o calendário juliano. No calendário gregoriano, essa data cai no dia 7 de janeiro", disse à BBC Mundo Xena Sergejew, membro da Igreja Ortodoxa Russa na Argentina.

"Não fazemos a comemoração na noite de véspera de Natal, mas fazemos a celebração religiosa do Natal", explicou.

As diferenças têm a ver com os diferentes calendários, a Primeira Guerra Mundial e várias interpretações da verdadeira data do nascimento de Jesus.

Natal ortodoxo em janeiro

No século XI, devido a diferenças nos rituais — mas também a questões teológicas ou doutrinárias, como o conceito de purgatório e a chamada "controvérsia trinitária" — houve uma separação dentro da Igreja Católica.

Foi nessa época que ocorreu o que é conhecido como "cisma do Ocidente e do Oriente", que resultou na criação da Igreja Ortodoxa, que tem cerca de 300 milhões de fiéis. Está presente nos países da Europa Oriental, incluindo a Rússia e Grécia, assim como na Turquia e em países da África e América.

Embora compartilhem semelhanças, as celebrações de ambas as igrejas estão se distanciando.

Velas são uma parte importante da celebração ortodoxa.
Velas são uma parte importante da celebração ortodoxa.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Por exemplo, a celebração dos ortodoxos todo dia 7 de janeiro acontece depois de 40 dias de jejum.

E nenhum presente é dado, como acontece no Ocidente há décadas.

Por que isso acontece? É aqui que entra a Primeira Guerra Mundial.

Quando a guerra terminou, boa parte do mundo mudou para sempre: impérios inteiros terminaram e novas nações apareceram.

Após o conflito, muitos dos países em que a ortodoxia cristã era a religião predominante ficaram sob a influência de países que já usavam ou acolheram — como no caso da União Soviética — o calendário gregoriano, estabelecido pelo papa Gregório XIII no século XVI.

No entanto, a igreja ortodoxa decidiu não aplicar a mudança de calendário e continuou basear as datas de seus ritos eclesiásticos pelo calendário juliano — implementado por Júlio César no século I aC. Nesse calendário, o dia 25 de dezembro corresponde ao que é hoje o dia 7 de janeiro.

"Nós, ortodoxos, usamos o calendário civil para as 'coisas do mundo', e um calendário eclesiástico para manter as tradições originais dos crentes em Cristo", escreveu Gonzalo Xavier Celi, da Igreja Ortodoxa do Equador, no site oficial da congregação.

"Embora seja amplamente aceito que a data real do nascimento do Senhor foi provavelmente em março ou abril, acreditamos que é bom manter a festa tradicional que os primeiros cristãos escolheram, abolindo assim a festa pagã ao deus Sol, colocando Cristo como o centro ou o sol de nossas vidas", acrescentou.

Na Rússia, por exemplo, 89% dos russos comemoram o Natal em 7 de janeiro e os demais, em 25 de dezembro. É nesse país que estão concentrados cerca de 35% dos cristãos ortodoxos do mundo.

Celebração

Em contraste com a religião católica, o Natal dos ortodoxos russos é precedido por um forte jejum de 40 dias. Nos dias seguintes, os fiéis participam da liturgia. Depois, muitos caminham em procissão até mares, rios e lagos.

Durante esses dias, os crentes ortodoxos se reúnem para realizar cerimônias ao ar livre com a ideia de abençoar a água. Em alguns países, os rios estão congelados nessa época, então eles perfuram o gelo para alcançar a água que desejam abençoar.

Alguns levam água para suas casas para proteger seus lares.

Presentes não fazem parte da celebração do Natal pelos ortodoxos.
Presentes não fazem parte da celebração do Natal pelos ortodoxos.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Depois, uma grande festa é organizada nos interiores, onde eles se reúnem para comer e se divertir. Mas não trocam presentes. Na Rússia e em outros países, a entrega de presentes ocorre durante a celebração do Ano Novo.

"Isso tem mais a ver com uma questão política. Durante anos, a União Soviética, sendo um estado ateu, mudou essa comemoração para o ano novo. Mas tradicionalmente não era assim", acrescentou.

Agora, um dos principais costumes é servir bolos de Natal e cantar canções de Natal. A tradição se mistura om outras, pagãs, da Rússia antiga, para que as pessoas possam visitar seus vizinhos disfarçados, dançar, cantar e pedir presentes — uma tradição semelhante a pedir doces.

Outra diferença entre o costume católico e o ortodoxo tem a ver com a importância atribuída a ele: enquanto no Ocidente o feriado religioso mais difundido é o Natal, para os ortodoxos é a Páscoa.

A maior semelhança é que, tanto no Oriente quanto no Ocidente, o Natal tem um forte componente de reunião de família e reunião social.

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