Qual a dose ideal diária de café?
É importante lembrar que o excesso pode ter efeitos adversos, como insônia, ansiedade e problemas digestivos, então a moderação é essencial
Estudos mostram que o consumo moderado de cafeína, particularmente por meio do café, está associado a uma redução no risco de doenças cardiovasculares. De acordo com Octávio Pontes, neurologista e professor da Universidade de São Paulo (USP), a dose ideal está em torno de 250 mg a 400 mg de cafeína por dia, o que equivale a cerca de três a cinco xícaras de café. "Esse intervalo foi identificado como o 'ponto doce', a partir do qual o risco cardiovascular diminui em até 15%. Entretanto, é importante lembrar que o excesso pode ter efeitos adversos, como insônia, ansiedade e problemas digestivos, então a moderação é essencial", esclarece o professor.
Pontes ressalta que o café é muito mais do que cafeína. "Ele contém uma rica mistura de compostos, como fenóis e ácidos clorogênicos, que têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias." Esses compostos podem contribuir significativamente para os benefícios à saúde cardiovascular, reduzindo os níveis de colesterol ruim (LDL) e gorduras saturadas, que são fatores de risco para doenças do coração.
O professor explica que os benefícios não vêm apenas da cafeína isolada, mas da interação de todos esses componentes. Assim, recomendar o consumo de café como uma fonte de cafeína é benéfico, desde que haja moderação e o foco esteja em preparações simples, como o café preto, sem excesso de açúcares ou gorduras adicionadas.
A matéria se baseou principalmente no estudo intitulado Habitual Coffee, Tea and Caffeine Consumption, Circulating Metabolites and the Risk of Cardiometabolic Multimorbidity, publicado no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism (JCEM). Esse estudo utilizou os dados do UK Biobank, que incluem informações detalhadas de mais de meio milhão de participantes do Reino Unido, para explorar a relação entre o consumo de café, chá e cafeína e o risco de doenças cardiovasculares, além de investigar como esses hábitos de consumo afetam os níveis de metabólitos no corpo.
*Por Izabel Leão / Jornal da USP