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Ainda tem algum?, diz líder do PSL sobre a base de Bolsonaro

Delegado Waldir respondeu pergunta do senador Major Olímpio sobre se os partidos da base se engajariam na defesa da reforma da Previdência

11 jun 2019 - 18h13
(atualizado às 18h29)
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"Qual partido aliado, tem algum?", perguntou o líder do PSL na Câmara, delegado Waldir (GO), na manhã desta terça-feira, dia 11, quando o correligionário Major Olímpio (SP), líder no Senado, cobrou que a base de apoio ao governo Jair Bolsonaro se engajasse na campanha pela reforma da Previdência. O diálogo ocorreu durante lançamento, na sede do PSL nacional, da campanha "Nova Previdência Pergunta Lá!", encomendada pelo partido governista para defender as mudanças na aposentadoria, o principal projeto econômico do governo.

"A iniciativa é maravilhosa. Vai ser proposto também aos partidos aliados para ter essas iniciativas?", questionara segundos antes o senador Major Olímpio. A resposta irônica de Waldir arrancou risos dos colegas, insatisfeitos com o Palácio do Planalto. Na véspera, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), responsável pela articulação no Congresso Nacional, demitiu ex-deputados do PSL de cargos de confiança nomeados para auxiliar a interlocução na Câmara, entre eles Carlos Manato (ES) e Professor Victório Galli. Então assessor da Casa Civil, o ex-deputado Abelardo Lupion (DEM), amigo de Onyx, foi alçado ao cargo de secretário especial para a Câmara dos Deputados, vaga antes ocupada por Manato.

O Delegado Waldir (PSL-GO) durante sessão no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília
O Delegado Waldir (PSL-GO) durante sessão no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília
Foto: MATEUS BONOMI/AGIF / Estadão

Bivar esquivou-se de comentar a falta de articulação do governo, que não tem ainda uma base formal, justificando que havia jornalistas presentes na reunião da bancada. "O PSL, como partido de sustentação do governo, entre outros, tinha responsabilidade de mostrar efetivamente sua participação na campanha", disse o presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PE).

Bivar relatou que havia solicitado que a logomarca do PSL fosse exibida com pouco destaque no site da campanha - "pequenininho", nas palavras dele - porque a legenda não buscava protagonismo, nem buscava criar ciúmes em outras legendas em busca da "paternidade" da reforma.

"Pequenininho não, tem que colocar grandão", reagiu Waldir. "Pelo amor de Deus, se não nós vamos ser 'manatiados'", emendou o senador Olímpio, em referência à demissão de Manato da Casa Civil.

"O PSL não pode amanhã ser acusado de ser omisso", afirmou Bivar. "O PSL está expondo. Os outros partidos são muito positivos nesse momento, se quiserem se juntar a nós. A iniciativa do PSL não invalida qualquer outra iniciativa. Ela se aglutina."

Reunião

Na reunião desta terça, parlamentares esperavam discutir um desagravo à exoneração de Manato, mas o assunto foi descartado, sem qualquer menção. A mulher dele, Soraya Manato (ES), faz parte da bancada de deputadas do PSL. Para apoiar Bolsonaro na eleição de 2018, Manato lançou a esposa com candidata a deputada e concorreu a governador do Espírito Santo, mas perdeu. Manato vinha se queixando a deputados que Onyx lhe ignorava e havia tolhido qualquer poder de decisão seu. "Ele não levantava uma caneta lá dentro", disse um parlamentar sobre a capacidade de o ex-deputado conseguir destravar nomeações de indicados políticos.

Deputados disseram, reservadamente, que o desempenho do ex-deputado na função era considerado fraco e que Onyx deve indicar uma pessoa da confiança de Bolsonaro e afinada com o líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (GO). Nem ele nem a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (SP), estavam presentes no encontro.

"Tinha sete assessores. Eles vão ser recolocados em outros lugares. Me parece que foi uma questão de diminuição de cargos, que é uma política do governo. Reduzir a estrutura e recolocá-lo em coisas mais importantes. Isso já conversaram com o próprio Manato", disse Bivar.

Posto Ipiranga

A campanha do PSL imita o case publicitário da distribuidora de combustíveis que popularizou o bordão "Pergunta lá no Posto Ipiranga". "Posto Ipiranga" é o apelido dado por Bolsonaro ao ministro Paulo Guedes. Em 2018, o governo Michel Temer já havia adotado a mesma imitação do comercial para tentar mobilizar apoio político e social à reforma.

O PSL exibiu aos parlamentares os detalhes da plataforma: um site tira-dúvidas sobre a previdência, com ferramentas para detalhar a proposta por categoria profissional, desmentir notícias falsas e divulgar agendas do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Segundo Bivar, embora a iniciativa seja independente, técnicos do governo federal repassaram informações para que houvesse um alinhamento com a campanha oficial da Nova Previdência.

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Os deputados cobraram que, à medida que o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em análise na Câmara for modificado, a campanha do PSL adapte-se às alterações. Eles temem se desgastar para defender mudanças que são rejeitadas por suas bases eleitorais e que provavelmente sairão da proposta do governo, como as regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC), aposentadoria de professores e do trabalhador rural. Deputados argumentam que a retirada desses pontos não impactam na economia de R$ 1 trilhão almejada pela equipe econômica.

"É feito uma novela. O cara faz um capítulo de acordo com as circunstâncias do momento", diz Bivar. Os deputados cobraram o uso de uma linguagem clara para as classes mais pobres e de personagens que criem empatia com o público, especialmente, na região Nordeste, onde o presidente tem os piores índices de aprovação.

"Não importa o que a gente diga, mas o que o povo vai entender. Temos que falar de forma clara e para o povo. O Nordeste é a bronca. Lá tem que falar para a Dona Maria e o Seu Zé. Quem é de classe A e B já entendeu (a reforma). E quem não entendeu é porque não quer entender. Nada que você diga vai importar", disse o deputado Julian Lemos (PSL-PB). "Se a gente ficar em cima de explanações, vamos sair daqui sem querer votar a previdência e ainda com raiva dela. Todo mundo já sabe o que tem de fazer, mesmo que não entenda."

Estadão
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