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Quem é o brasileiro preso após apontar arma contra Cristina Kirchner na Argentina

Filho de um chileno e uma argentina, Fernando André Sabag Montiel, de 35 anos, tem tatuagens de símbolos neonazistas e fez referências a grupos extremistas nas redes sociais

2 set 2022 - 04h40
(atualizado às 11h26)
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O homem preso após apontar uma arma contra a cabeça da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nasceu no Brasil, mas é filho de um chileno e uma argentina e vive no país vizinho desde 1993. Fernando André Sabag Montiel, de 35 anos, tem registro para atuar como motorista de aplicativo, possui antecedentes criminais e supostas ligações com grupos extremistas.

Preso na noite de quinta-feira, 1°, após a tentativa de homicídio contra Cristina, Montiel foi levado até uma base da Polícia Federal argentina em Villa Lugano, bairro da zona sul de Buenos Aires. Na manhã desta sexta-feira, 2, cem munições de calibre 9 milímetros foram apreendidos em um endereço ligado ao brasileiro no bairro de San Martín.

Fernando Montiel, brasileiro de 35 anos detido pelas autoridades argentinas como suspeito de tentar matar Cristina Kirchner. Foto: Reprodução/ La Nación

A primeira passagem de Montiel pela polícia aconteceu em 17 de março de 2021. Parado pela polícia por dirigir um carro sem placa no bairro de La Paternal. Quando o brasileiro abriu a porta, uma faca de 35 centímetros caiu no chão. Fernando alegou portar a arma para autodefesa e foi liberado com uma notificação, diz o jornal Clarín.

Logo após a tentativa de atentado, as redes sociais de Montiel foram retiradas do ar. No entanto, jornais argentinos conseguiram acessar os perfis e comunidades seguidos e com que o brasileiro se relacionava - apontando para um interesse em grupos extremistas e de ódio.

Para Entender

De acordo com reproduções de tela divulgadas pelo La Nación, o perfil do brasileiro, que se identificava nas redes como Fernando "Salim" Montiel, acompanhava grupos e páginas chamadas "Comunismo satânico", "ciências ocultas herméticas" e "coach antipsicopatas".

Embora não esteja claro como o brasileiro interagia com esses grupos nas redes sociais, outras evidências apontam o envolvimento com grupos extremistas. De acordo com o Clarín, Montiel teria várias tatuagens alusivas às mitologias viking e germânica, utilizadas por grupos neonazistas, incluindo um "Schwarze Sonne" no ombro, sol negro ligado à filosofia ocultista do nazismo e utilizado pelas SS de Adolph Hitler.

Fernando Andrés Sabag Montiel, brasileiro preso após apontar arma contra Cristina Kirchner. Foto: Reprodução/ Instagram

Há pouco mais de um mês, Montiel deu uma entrevista a um programa de televisão argentino. Ao lado da namorada, ele criticou programas de assistência social promovidos pelo governo, chamando-os de incentivo a vagabundagem. Em outra aparição, ao ser questionado se o então novo ministro da Economia Sergio Massa faria o preço do dólar baixar, respondeu: "Não, nem a pau". E acrescentou: "Nem Milei, nem Cristina".

Tentativa de homicídio

Montiel foi detido pela polícia argentina após apontar uma arma para a cabeça da vice-presidente Cristina Kirchner, enquanto ela autografava livros de simpatizantes que participavam de um ato em frente a casa da política, no bairro da Recoleta. De acordo com o presidente Alberto Fernández, a arma, uma pistola .380, estava carregada com 5 balas e "não disparou, apesar de ter sido engatilhada".

Nos vídeos, é possível ver que Cristina se abaixa após a arma ser apontada para ela. No mesmo instante, seguranças intervêm e conseguem segurar o suspeito. Uma fonte do governo argentino afirmou ao jornal Clarín que Cristina não percebeu, na hora, que um homem havia tentado atirar contra ela. No momento da tentativa de disparo, ela abaixou para pegar um exemplar de sua biografia que alguém havia pedido para que ela autografasse e tinha caído na rua. Só depois, segundo a fonte, ela entendeu o que aconteceu. No vídeo, é possível ver ela apanhando um livro no chão.

Manifestações

Apoiadores de Kirchner têm se manifestado após promotores pedirem 12 anos de prisão a Cristina por supostos esquemas de corrupção. Enquanto presidente, ela teria beneficiado empresários específicos e interferido em contratos milionários para obras de rodovias, diz o Ministério Público. A vice do Executivo argentino afirma ser inocente e diz que a denúncia é uma tentativa de derrubar o projeto político que ela representa.

Apoiadores fazem vigília em frente a casa da vice-presidente em Buenos Aires. Foto: Luis Robayo / AFP Foto: LUIS ROBAYO

Após a tentativa de atentado, os protestos no entorno da residência da vice-presidente se intensificaram. Manifestantes passaram a madrugada inteira no Bairro da Recoleta. O presidente Alberto Fernández declarou feriado nacional nesta sexta-feira, 2.

"Providenciei para que amanhã (2 de setembro) seja declarado feriado nacional, para que em paz e harmonia o povo argentino possa se expressar em defesa da vida, da democracia e em solidariedade com a nossa vice-presidente".

Estadão
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