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Quem foi Antonio Cicero, poeta, membro da ABL e letrista da MPB, que morreu aos 79 anos?

23 out 2024 - 11h13
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O poeta e escritor carioca Antonio Cicero, um dos nomes mais reconhecidos da literatura brasileira, faleceu nesta quarta-feira (23), aos 79 anos. A Academia Brasileira de Letras, da qual ele fazia parte desde 2017, confirmou a notícia.

Antonio Cicero
Antonio Cicero
Foto: Chico Cerchiaro/Companhia das Letras / Perfil Brasil

Nos últimos anos, Cicero foi diagnosticado com Alzheimer e passou por várias internações. Ele morreu em Zurique, na Suíça, ao lado de seu parceiro, Marcelo Fies.

Quem foi Antonio Cicero?

Com formação em filosofia no Brasil e no exterior — incluindo um período de exílio durante a ditadura militar — Cicero construiu uma sólida carreira como poeta e letrista. Entre suas colaborações mais famosas estão as letras que escreveu para a irmã, a cantora Marina Lima, em sucessos como "Fullgás", "Charme do Mundo" e "Pra Começar".

Além dessas parcerias, ele coescreveu músicas que marcaram a década de 1980, como "À Francesa", com Claudio Zoli, e "O Último Romântico", com Lulu Santos e Sérgio Souza. Sua produção poética também foi destaque, especialmente com o poema "Maresia", que Adriana Calcanhotto popularizou.

A poesia de Antonio Cicero era fortemente influenciada por referências clássicas, adquiridas durante seus estudos na Universidade Georgetown, nos Estados Unidos. Ele também teve uma relação próxima com escritores contemporâneos como Waly Salomão, com quem fez parcerias literárias.

Um dos seus poemas mais lembrados é "Guardar", da coletânea homônima lançada em 1996. O poema é amplamente citado por seu trecho: "Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la./ Em cofre não se guarda coisa alguma./ Em cofre perde-se a coisa à vista./ Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado."

Cicero também atuou como colunista da Folha entre 2007 e 2010. Entre suas obras publicadas estão os livros de poesia "A Cidade e os Livros" e "Porventura", além de ensaios como "Finalidades sem Fim", que foi indicado ao Prêmio Jabuti. A Companhia das Letras informou que publicará em 2025 sua última obra de ensaios, intitulada "O Eterno Agora".

Ele também explorou o universo do áudio, gravando álbuns de poesia ao longo dos anos. Seus ensaios e poemas destacavam-se por unir aspectos filosóficos e líricos. Além de escritor, Antonio Cicero foi professor universitário de filosofia e lógica, exercendo a função durante grande parte de sua trajetória.

Cicero optou pelo suicídio assistido, realizado na Suíça, onde a prática é permitida. O cineasta Jean-Luc Godard, por exemplo, também fez essa escolha no mesmo país.

"Como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo", escreveu ele em uma carta a amigos próximos. "Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade."

Perfil Brasil
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