Regina Duarte é cotada para assumir Secretaria de Cultura
Atriz teria sido convidada para a pasta, que ficou vaga após a exoneração de Roberto Alvim
A estrela global Regina Duarte foi convidada pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a Secretaria de Cultura. A informação é da coluna da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo. Ainda segundo a publicação a atriz teria pedido um tempo para "pensar" na proposta do governo.
Envolvida na política, Regina Duarte ficou conhecida por ser uma das poucas vozes de direita no meio artístico. Crítica ferrenha dos governos petistas, a atriz já chegou a fazer propagandas para o PSDB e apoiou Bolsonaro nas últimas eleições.
Entenda a saída de Alvim
O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir o secretário de Cultura, Roberto Alvim, após a polêmica referência ao nazismo em vídeo divulgado nas redes sociais. Bolsonaro classificou a declaração do agora ex-secretário como "infeliz" e disse que a sua permanência ficou "insustentável". O presidente afirmou ainda que repudia "ideologias totalitárias e genocidas" e citou como exeplo o "nazismo" e o "comunismo".
- Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, como o nazismo e o comunismo, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos muitos valores em comum.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 17, 2020
A exoneração já foi formalizada no Diário Oficial da União (DOU).Em vídeo em que anuncia o Prêmio Nacional das Artes, Alvim cita textualmente trechos de um discurso do ideólogo nazista Joseph Goebbels.
A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", diz Alvim no vídeo.
"A arte alemã da próxima década será heróica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada", disse Goebbels em pronunciamento para diretores de teatro, de acordo com o livro Goebbels: a Biography, de Peter Longerich.
A frase causou polêmica entre artistas e até mesmo entre apoiadores do governo de Bolsonaro, que cobram a demissão do secretário. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também foi às redes sociais dizer que é preciso afastar Alvim "urgentemente" do cargo.
Mais cedo, em entrevista ao Estado, o secretário disse ter conversado com o presidente Jair Bolsonaro e o "convencido" de que a citação de uma frase similar a do propagandista do nazismo foi uma "coincidência retórica". Segundo ele afirmou à reportagem, o presidente disse a Alvim que o secretário permaneceria no cargo.
Na entrevista exclusiva ao Estado, Alvim admitiu que trecho de seu discurso foi inspirado declaração do ideólogo nazista Joseph Goebbels. Ele afirmou que repudia o nazismo, mas que "as ideias contidas na frase são absolutamente perfeitas". O secretário disse que "assina embaixo" da frase. "A filiação de Joseph Goebbels com a arte clássica e com o nacionalismo em arte é semelhante a minha e não se pode depreender daí uma concordância minha com toda a parte espúria do ideal nazista", disse o secretário.
O dramaturgo Roberto Alvim foi nomeado em novembro ao cargo de secretário de Cultura, semanas após ofender a atriz Fernanda Montenegro nas redes sociais. Ele já estava no governo desde junho, quando foi nomeado diretor da Funarte.
Alvim surpreendeu a classe artística ao declarar voto em Bolsonaro em 2018, após o atentado a facada sofrido pelo então candidato a presidente. O dramaturgo dirigiu por três décadas peças de sucesso de crítica, mas afirma ter mudado radicalmente de perfil político após se curar de uma grave doença.
Com informações do Estadão Conteúdo.