Relatório da PF: 7 dos 11 ministros do STF foram alvos de plano golpista
O relatório da Polícia Federal (PF) identificou que o Supremo Tribunal Federal (STF) esteve no alvo de um suposto plano golpista; o órgão teve 179 citações em um inquérito de quase 900 páginas. A investigação aponta que pelo menos sete dos 11 ministros do STF foram mencionados com frequência nas conversas dos envolvidos.
Esse inquérito inclui menções a prisões e assassinatos de ministros. A figura mais visada é Alexandre de Moraes, seguido de Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, entre outros. Os planos incluíam desde difamações até graves ofensas e ameaças diretas.
Ministros do STF citados no relatório da PF
Alexandre de Moraes foi mencionado 213 vezes, mais do que qualquer outro membro do tribunal. Luís Roberto Barroso também foi destacado, especialmente após um diálogo vazado de uma reunião ministerial liderada pelo então presidente Jair Bolsonaro. Este acusou Barroso, Fachin e Moraes de corrupção, alegação sem fundamento. Veja abaixo levantamento da CNN, no blog do jornalista Pedro Duran:
- Alexandre de Moraes: Alvo principal, é mencionado em ataques que incluem campanhas de difamação e ameaças diretas.
- Luís Roberto Barroso: Aparece 12 vezes, ligado a um suposto diálogo gravado durante uma reunião ministerial de julho de 2022. Na ocasião, o então presidente Jair Bolsonaro o acusou, junto com Edson Fachin e Moraes, de não serem imparciais e insinuou corrupção sem apresentar provas.
- Edson Fachin: Citado 9 vezes, foi alvo de críticas de autoridades durante a mesma reunião ministerial, com declarações que reforçavam suspeitas infundadas sobre o processo eleitoral.
- Gilmar Mendes: Mencionado 6 vezes, seria um dos alvos de um plano de prisão no caso de um golpe de Estado, segundo a PF.
- Luiz Fux e Flávio Dino: Cada um aparece 5 vezes, envolvidos em campanhas de desinformação e tentativas de associá-los a conspirações.
- Dias Toffoli: Citado apenas uma vez, aparece em conversas envolvendo críticas à atuação do STF em investigações sobre ataques institucionais.
Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, André Mendonça e Kássio Nunes Marques não foram citados no relatório da PF.
Como as campanhas de desinformação foram planejadas?
Os planos de desinformação incluíam a disseminação de notícias falsas dirigidas contra membros do STF, como Barroso e Fux.
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, foi citado como um dos articuladores dessas campanhas, coordenando ataques em diálogo direto com Jair Bolsonaro. Mensagens indicaram que Ramagem se referiu ao STF como "parcial e político", minando assim a confiança popular na corte.
Dois nomes de destaque na investigação são o policial federal Marcelo Bormevet e o subtenente do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, ambos associados à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Eles mantinham diálogos sobre invadir o sistema de urnas eletrônicas e manipular informações.
O papel de Jair Bolsonaro no inquérito
Jair Bolsonaro, então presidente, surge repetidamente no inquérito, reforçando a tese de fraude eleitoral e expressando desconfiança sobre a independência dos ministros do STF. Em suas declarações, buscou criar um ambiente de descrédito e incitação, contribuindo para a narrativa de fraude e desestabilização do cenário político.
🚨 Polícia Federal encerra investigação sobre tentativa de golpe em 2022.
➡️ Relatório final indiciou 37 pessoas por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
As investigações detalharam a estruturação em núcleos com… pic.twitter.com/Yty4st5YBW
— Polícia Federal (@policiafederal) November 21, 2024