Renda mediana de brasileiros na Alemanha supera a de alemães
Salário mediano recebido por brasileiros empregados em tempo integral foi de 4.565 euros no final de 2023. Indianos lideram o ranking, com forte presença em matemática, ciências da computação e naturais e engenharia.Os brasileiros que moram na Alemanha e trabalham em tempo integral com recolhimento de seguridade social recebiam no final de 2023 uma renda bruta mensal mediana de 4.565 euros, 620 euros a mais do que os alemães na mesma situação.
Isso coloca os brasileiros entre as nacionalidades com maior renda mediana na Alemanha, à frente dos franceses (4.407 euros) e do grupo de belgas, holandeses e luxemburgueses (4.466 euros), e pouco abaixo dos suíços (4.589 euros) e dos chineses (4.728). No topo do ranking estão os indianos (5.359 euros) e americanos (5.095 euros).
Os dados estão em um estudo divulgado neste sábado (28/12) pelo Instituto da Economia Alemã (IW, do alemão Institut der Deutschen Wirtschaft), sediado em Colônia.
A renda mediana é o valor recebido por alguém que está exatamente no centro da distribuição de um grupo. Ela difere da renda média, que é a soma da renda de todas as pessoas de um grupo dividida pelo número de pessoas. A renda mediana é usada em algumas pesquisas pois evita distorções que ocorrem quando, por exemplo, poucas pessoas em um grupo ganham muito mais, puxando a média para cima.
Entre todos os imigrantes na Alemanha, a renda mediana no final de 2023 foi de 3.034 euros, cerca de 900 euros abaixo da renda mediana dos alemães, de 3.945 euros.
A pesquisa aponta que entre as nacionalidades com renda mediana mais baixa estão os imigrantes da Síria (2.657 euros), Romênia (2.611 euros) e Bulgária (2.520 euros). O IW afirma que isso ocorre pois uma alta proporção dos imigrantes desses países trabalha no setor de cuidado, que paga salários mais baixos.
Atração de trabalhadores qualificados
O estudo do IW destaca que a imigração será cada vez mais importante para a Alemanha enfrentrar os desafios impostos pelo envelhecimento da população e avançar na digitalização e descarbonização da sua economia.
O país adotou nos últimos anos políticas públicas e reformas legislativas para facilitar a atração de profissionais estrangeiros. E isso tem ocorrido: de 2012 a 2023, o número de alemães empregados com recolhimento de seguridade social no país cresceu 8,1%, enquanto o número de estrangeiros na mesma situação subiu 141,5%, segundo o IW.
Há uma demanda especialmente alta por profissionais qualificados das áreas de matemática, ciências da computação e naturais, engenharia e tecnologia (MINT, na sigla em alemão).
Nas vagas do setor acadêmico e de pesquisa nas áreas MINT, o número de alemães empregados subiu 41,7% do final de 2012 ao final de 2023, enquanto o número de estrangeiros subiu 215,7%.
Empregos nessas áreas costumam pagar salários mais altos, e isso explica a liderança dos indianos no ranking. No período, o número de indianos empregados nesse setor subiu de 3.750 para 31.552, alta de 741,4%.
Entre os imigrantes de 25 a 44 anos que trabalham na Alemanha, 32,9% dos indianos estão no setor acadêmico e de pesquisa nas áreas MINT. Esse percentual também é alto entre os imigrantes chineses (25%), brasileiros (21,8%) e russos (18,6%).
A pesquisa do IW também sugere melhorias em processos administrativos do governo alemão para otimizar as oportunidades abertas pelas recentes reformas nas regras de imigração, e propôs fortalecer a atração de imigrantes por meio de universidades, acompanhada de programas de apoio.
bl (ots)