Além de Lula: veja os principais políticos presos em 2018
O ex-presidente foi detido em abril, mas as prisões de outros nomes da política agitaram o noticiário em 2018
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi preso em abril de 2018. O petista recebeu pena de 12 anos e 1 mês de prisão por receber um triplex no Guarujá (SP) como propina paga pela empreiteira OAS em troca de contratos na Petrobras. Oito meses depois, Lula ainda nega ser dono do imóvel, assim como quaisquer irregularidades.
O ex-presidente estava na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, acompanhado por familiares, militantes do PT, integrantes do sindicato, parlamentares e simpatizantes. Centenas de manifestantes se reuniram no local para tentar impedir a prisão do petista, mas após ordem do juiz Sérgio Moro e vinte e cinco horas de atraso, ele deixou o local para se entregar à PF.
No entanto, Lula não foi o único político detido em 2018. Muito pelo contrário - a lista conta com governadores e ex-governadores, prefeitos, deputados, vereadores e assessores do presidente Michel Temer. A seguir, confira alguns dos principais casos registrados em 2018.
Além de Lula
Em fevereiro, o deputado federal João Rodrigues (PSD-SC) foi preso pela Polícia Federal ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos (SP). Ele ia dos Estados Unidos ao Paraguai, mas por estar com o nome no banco de dados da Interpol, teve a entrada barrada no país vizinho.
O parlamentar foi condenado a 5 anos e 3 meses de prisão em regime aberto pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) por crime ambiental e lei de licitações quando era prefeito de uma cidade do interior catarinense. O mandado de prisão foi expedido pela Primeira Turma do STF, que determinou o início do cumprimento da pena.
Já no fim de março, pessoas relacionadas ao presidente Temer foram investigadas e detidas por supostas ilegalidades envolvendo o setor de portos. O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, mandou prender temporariamente, entre outros nomes, o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (MDB). Ele havia sido, entre 1999 e 2000, diretor da Companhia das Docas do Estado de São Paulo (Codesp).
Além de Rossi, José Yunes também era filiado ao MDB. Ele fazia parte do partido desde os anos 1970, havia deixado de concorrer a cargos públicos no fim da década de 1980, mas assumiu a posição de assessor especial do presidente em 2016.
Ainda em abril, o vereador Wellington Magalhães foi preso em Belo Horizonte. Ele era ex-presidente da Câmara dos Vereadores e, ao lado da esposa, seria autor de um esquema que desviou R$ 30 milhões. Contratos de serviço foram falsificados para justificar o rombo milionário.
Welington Magalhães foi presidente da Câmara de Vereadores entre 2015 e 2016. A investigação do Ministério Público e Polícia Civil é referente a esse período da administração da casa legislativa da capital.
Em julho, o prefeito de Japeri, na Baixada Fluminense, causou um alvoroço ao ser detido em uma operação do Ministério Público e da Polícia Civil por associação ao tráfico. Carlos Moraes, de 73 anos, chegou à Cidade da Polícia bastante exaltado.
Ao ser abordado pela imprensa, Moraes xingou e ameaçou jornalistas. "Vai pra p...que pariu, vai pra p… que pariu! Imprensa corrupta. Depois a gente acerta na Baixada", gritava, bastante alterado. Ao ser questionado se estava ameaçando os jornalistas, o prefeito confirmou. "Tô! Tô sim! Eu também estou sedo ameaçado", disse, em tom de revolta.
Eleições
No período das eleições, os casos ficaram ainda mais curiosos. Candidato ao Senado pelo Paraná, o ex-governador Beto Richa foi preso um mês antes do primeiro turno, em operação realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado. O político foi detido devido a uma investigação do MP do Paraná sobre o programa Patrulha Rural, implantado para ampliar o policiamento em áreas rurais com viaturas 4x4, segundo o órgão. Ele foi solto alguns dias depois por ordem do ministro Gilmar Mendes, do STF.
Outro ex-governador que entrou na conta foi Marconi Perillo, de Goiás. O tucano é investigado na operação Cash Delivery e foi preso ao chegar na superintendência da PF, em Goiânia, para prestar depoimento sobre as acusações de delatores da Odebrecht Fernando Reis e Alexandre Barradas. Em suas delações, eles citaram repasses de R$ 10 milhões a Perillo - R$ 2 milhões na eleição de 2010 e R$ 8 milhões em 2014. Ele conseguiu habeas corpus e deixou a prisão um dia depois.
Para completar a série de casos interessantes, uma vereadora do PSL - partido do presidente eleito Jair Bolsonaro - foi presa distribuindo lanches e brindes a eleitores com adesivos do candidato adversário no segundo turno, Fernando Haddad.
Reta final
A Polícia Federal foi bastante ativa com a Operação Lava Jato na reta final do ano. Acabou que nem o governador do Rio de Janeiro foi poupado. Luiz Fernando Pezão (MDB) foi preso em novembro por suspeita de receber propina.
A operação que o prendeu é um desdobramento da Lava Jato, e foi autorizada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), onde os governadores têm foro. Pezão foi acusado pelo delator Carlos Miranda, apontado como principal operador de esquema de corrupção comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral, de receber uma mesada de R$ 150 mil reais enquanto ocupava os cargos de secretário de Obras do Estado e vice-governador.
O vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade, foi detido no mesmo mês durante a Operação Capitu, desdobramento da Lava Jato.
A Polícia Federal informou ter instaurado um inquérito policial em maio deste ano, baseado na delação premiada do corretor Lúcio Bolonha Funaro, sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em 2014 e 2015.
Em dezembro, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, foi preso também em um desdobramento da Lava Jato. Ele foi denunciado à Justiça com o ex-secretário municipal de Obras do município Domício Mascarenhas de Andrade e mais três empresários do ramo de transporte público rodoviário.
Todos são acusados de integrar uma organização criminosa para a prática dos crimes de corrupção ativa e passiva. Segundo o Ministério Público, o esquema foi articulado para o recebimento de propina paga por empresários do setor aos agentes públicos da cidade.